quarta-feira, 30 de julho de 2008

A responsabilidade cósmica do ser humano (II)




“19 A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus.
20 Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou,
21 na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.
22 Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora.
23 E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo.
24 Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera?” Romanos cap. 8

Hoje li algo que está machucando muito minha alma e mudando minha vida.
Você sabia que:

Existe cerca de um bilhão e 360 milhões de quilômetros cúbicos de água na terra?
Que noventa e sete por cento são água salgada e 3% doce?
Mas somente 0,7% de toda água doce é acessível ao uso humano?
Que 60% dessa água encontram-se em apenas nove países, e que outros 80 países enfrentam escassez?
Que pouco menos de um bilhão de pessoas consome 86% da água existente, enquanto que para 1,4 bilhão ela é insuficiente? Que em 2020 serão três bilhões?

Que para dois bilhões de pessoas a água não é tratada, gerando 85 % das doenças constatáveis?
Que em 2032 presume-se que serão cinco bilhões de pessoas afetadas pela crise de água?
Que o problema não é a escassez de água, mas sua má gestão para atender às demandas humanas e dos demais seres vivos?

Que o Brasil tem 13% de toda água doce existente no planeta, com 5,4 trilhões de metros cúbicos? E que 46% dela são desperdiçados, o que daria para abastecer a França, a Bélgica, a Suíça, e o Norte da Itália?
Que diariamente morrem de sede seis mil crianças? Isso equivale a dez aviões boing que caem diariamente com a morte de todos os passageiros?
Que 18 milhões de crianças não vão à escola porque tem que buscar todos os dias água numa distancia de 5 a 10 quilômetros?

Eu sinceramente fico sem palavras diante de tal estatística. E pensar que Deus nos colocou com gestores de todo esse sistema por Ele criado. É como por a raposa para tomar conta do galinheiro!
Qual será o futuro da raça humana? Até quando vamos dormir tranqüilos sem nada fazer para mudar essas estatísticas?

Quando penso na criação que geme e suporta angústias até agora e que vive na esperança de que a própria criação seja redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus, e vejo que a redenção humana já se deu e que a coisa parou por aí. Sinto náuseas ao ser chamado ser - humano redimido pelo sangue do cordeiro.

Meu Deus! Como só acordei agora para isso?
Por que as igrejas não pregam essa responsabilidade a nós incumbida por Deus?
Seremos nós destruídos pela má gestão do meio ambiente como aconteceu com toda a civilização mesoamericana dos maias?

Devido à agressão sistemática de nosso estilo de vida destruidor, atualmente desaparece uma espécie a cada 13 minutos. E no Brasil foram extintas quatro espécies por dia nos últimos 35 anos, segundo cálculo do cientista Norman Myers.
Através dos buracos na camada de ozônio passa a radiação ultravioleta que produz câncer de pele, afeta o código genético e acelera a extinção das espécies que não conseguem se adaptar a rápida mutações.

O astrônomo Martin Rees, professor em Cambridge, diz que se as coisas continuarem nesse ritmo poderemos nos liquidar ainda neste século. Mas não por armas nucleares, mas pelo que chama de “erro biológico”.
E eu me pergunto: onde está a igreja de Cristo? E me respondo: procurando sinais e milagres, lotando as igrejas, mas só preocupados com seu próprio umbigo. E dizem: ah pastor vim buscar minha benção.
Está na hora de pensarmos: o que podemos fazer? Como contribuir para uma vida melhor e para redenção da criação? Para um planeta mais saudável?

Nossa desculpa é pensar na macroecologia. Onde seriam necessários grandes volumes de dinheiro e tempo.
Mas isso pode ser feito de modo microecológico. Como economizando água em casa ao lavar a louça. Não deixar a torneira aberta enquanto escovam-se os dentes. Não desperdiçar um bem tão precioso como a água, pois ela não pertence a um país ou empresa, ou pelo menos não deveria. É um bem da humanidade, uma vez que não existiria vida sem água.

Reciclar o lixo ou separá-lo para a coleta seletiva que algumas cidades já possuem.
Tomar cuidado com pilhas e baterias usadas, pois seus componentes químicos são verdadeiros venenos no meio ambiente.
Sinto-me culpado por lavar meu carro com água em abundância enquanto seis mil crianças morrem de sede por dia.

Essa responsabilidade para com a criação há que ser pregada com mais freqüência em nossas igrejas. Até que todos nós estejamos engajados na luta por salvar nosso planeta como conseqüência de nossa salvação.

Que Deus nos ilumine e nos ajude a entender nossa condição de “corpo de Cristo” e trabalhar já e aqui no mundo. Pois no céu os anjos não precisam de ajuda. Deve estar tudo sob controle.

E pensar que Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito para que nós pudéssemos cumprir a missão revelada no texto abaixo:

“19 A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus.
20 Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou,
21 na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.
22 Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora.
23 E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo.
24 Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera?”

Mas ainda há esperança! Pena que só esperança não basta!

By Presbítero Fabrício Canalis

Obs.: Toda parte de estatística foi retirada do livro: “Homem: Satã ou Anjo Bom? de Leonardo Boff. Ed. Record. 2008.

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