quarta-feira, 30 de julho de 2008

A unidade do corpo de Cristo


"Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz: Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos.
...até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para o outro, e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro.
Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é o cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado, pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor." Efésios, 4:1-6;13-16


O Senhor fala através desse apóstolo, sobre unidade. Sabemos que a unidade é muito importante. Jesus em sua oração no capítulo 17 de João se refere à unidade dizendo: "Que eles sejam um assim como eu e tu somos um".

O texto lido acima nos fala, entre outras coisas, de guardar a unidade no vínculo da paz.
Nossa paz tem sido abalada, por causa da falta de unidade no corpo, pela falta do serviço cristão, pela falta de amor ao próximo, por falta de amor a igreja, e por falta até mesmo de amor a Deus.

A nossa "unidade" na práxis, tem nos deixado magoados uns com os outros e dificultado a convivência pela hipocrisia de como é vivida. Muitos cristãos ainda mentem descaradamente ao cantar musicas que falem de convivência amorosa e sincera dos crentes. E ainda tem a coragem de sair do lugar e abraçar o irmão e dizer que o ama. Mas na verdade não há preocupação nenhuma com a pessoa em questão, nem está disposto a saber e se preocupar com o irmão. Que unidade é essa? Será essa unidade que Jesus queria?

Paulo nos fala de andarmos dignos da nossa vocação, da vocação em que fomos chamados. Fomos chamados para ser filhos de Deus, em primeiro lugar. E temos nos comportado como filhos rebeldes e ciumentos na maioria das vezes. Preocupados não de forma saudável com o irmão, mas de forma a invejar suas bênçãos.

Só há um corpo! Se não temos unidade entre nós mesmos, não podemos fazer parte desse corpo. Só há um Espírito e uma só fé.

A unidade só existe quando pessoas diferentes se unem em torno de um propósito comum. Esse propósito deveria ser a pregação do verdadeiro evangelho da salvação. Aquele evangelho que salva não só a alma mas também o corpo. Que o aquece, lhe mata a fome, e mais, que gera na pessoa o desejo de fazer igual ao seu próximo. Quando é tudo igual não é unidade, mas sim homogeneidade.

Outra coisa interessante é que, às vezes damos ouvidos demais a certas coisas que nos machucam, deixando que nos magoem com os irmãos. Desde que o mundo é mundo, ou melhor que o pecado entrou no mundo, há fofoca, mentira, etc. Se pararmos para dar atenção, toda vez que alguém falar que alguém falou, que fulano falou, tal coisa, não caminharemos nunca para lugar nenhum a não ser para trás.

Para crescermos em unidade também é necessário que cada um de nós amadureça individualmente. Temos que crescer, e continuar crescendo e amadurecendo. Ninguém pode estar maduro por muito tempo sob pena de apodrecer, pois o amadurecer deve ser uma constante na vida do cristão. Estamos sempre amadurecendo, crescendo, aprendendo, com Cristo e de Cristo. E isso não significa ter novas revelações, mas sim ter mente e coração abertos para o entendimento que o Espírito Santo nos capacitará a ter sobre determinado trecho das escrituras. Sempre analisando, usando todas as capacidades disponíveis aos homens, pois o Espírito sempre usará a linguagem e ferramentas que o ser humano possa compreender e usar. Caso contrário não haverá perfeita comunicação de informações. Depender do Espírito não é negar a ciência, nem as regras de hermêutica ou crer em toda a Bíblia de forma literal. É simplesmente confiar que Ele é capaz de nos guiar a toda verdade sem que nenhum dos escolhidos se perca. Isso evitará que “sejamos como meninos, agitados de um lado para o outro, e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro”.

O Espírito sempre nos pega desprevenidos em relação à verdade de Deus. Sempre nos surpreende e será sempre assim. Pois Deus é muito mais e maior do que possa imaginar nossa vã filosofia. Prova disso é que depois de milhões de anos o homem está começando a entender um pouco do universo e suas leis perfeitas.

Diante de tal conhecimento nós também temos que quebrar antigos paradigmas para obter em maior profundidade o que Deus quer nos acrescentar. É necessário mudar nosso paradigma civilizacional, deixar nascer e crescer uma “nova percepção da realidade, com novos valores, novos sonhos, nova forma de organizar os conhecimentos, novo tipo de relação social, nova forma de dialogar com a natureza, e nova maneira de entender o ser humano no conjunto dos seres”; como disse Leonardo Boff. Sem negar, (é obvio) os fundamentos da fé cristã. E assim continuar amadurecendo e crescendo "até que cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo”.

By Presbítero Fabrício Canalis

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