quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Á procura de Deus III

Aqui certamente o leitor se lembrou de Paulo o apóstolo que escreveu seu dilema dizendo que o mal que ele não queria fazer esse sim fazia, mas o bem que ele desejava fazer esse não conseguia.

Paulo foi alfabetizado e educado em grego, escrevia em grego; era cidadão romano quando o Império Romano governava o mundo ocidental; era judeu muito devoto também. Imagine o choque cultural na cabeça desse homem o qual foi o primeiro teólogo cristão, mesmo sem ter conhecido a Jesus ou ter lido qualquer dos evangelhos, que foram escritos muito depois de sua morte.

Esse choque cultural e filosófico possibilita que ele produza uma teologia e pensamento complexos a respeito de “carne” e “corpo” e que a maioria dos filósofos cristãos de influencia platônica frequentemente ignoram disseminando uma mensagem tóxica que nos afasta da tradição hebraica e do Jesus histórico.

O termo hebraico para carne é “basar”, que significa: toda substancia vital dos homens ou animais, organizada em forma corpórea. Em hebraico qualquer parte do corpo pode ser usada para representar o todo. Enquanto os gregos colocavam o corpo contra a alma, os judeus não.

Enquanto para os gregos a matéria era um princípio de individuação, para os hebreus a personalidade era essencialmente social e a carne não separava as criaturas umas das outras. Pelo contrário, unia-as. O homem não tem um corpo, ele é um corpo, carne animada por alma, sendo o todo concebido como uma unidade psicofísica. Ou seja, o corpo é a alma em sua forma externa.

Para Paulo a carne (“sarx” em grego), é a substância carne comum a humanos e animais. Toda criação é carne e Deus é Deus de toda carne. Mas Deus não é carne, é espírito. Para garantir a unificação de carne e espírito, Deus se fez carne unindo assim de forma perfeita essas duas formas que pareciam antagônicas, mas que Cristo nos mostrou a possibilidade dessa perfeita relação que deve ser eterna.

É claro que parte do processo é buscar a Deus para poder entender e sofrer essa (metanóia), mudança de pensamento e atitudes, e se compadecer da criação a ponto de parar a destruição e restaurar a beleza e saúde do universo criado por Deus.

Ou será que é a vontade de Deus que suas criaturas morram de fome e sede? Que os homens sofram a falta de coisas primordiais á vida e vivam de modo subumano? Creio que estas são oportunidades mal aproveitadas pelos homens em promover o reino de Deus. Em seguir o exemplo de Cristo, mudando a realidade dos que com ele tinham algum contato.

Não é possível admitir que pessoas morram por falta de alimento e água num mundo onde há desperdício de ambos. Mas o pior é que pessoas não se compadecem de seus iguais, nem da natureza. Aqui entra o ser carnal que sequer cuida do seu igual carnal.

É comum ouvirmos que o amor à carne impede de sermos espirituais. Mas se amassemos mesmo a nossa carne cuidaríamos dela. Não seríamos obesos, fumantes, beberrões ou apáticos para com o sofrimento da nossa própria carne seja ela nosso corpo ou parte qualquer do universo.

A verdade é que não amamos a carne o suficiente nem mesmo para cuidar de nos mesmos, quanto mais da natureza ou das coisas do espírito que sequer podemos ver. Como poderemos amar a Deus que não vemos com nossos olhos carnais, se o que vemos não amamos e sequer cuidamos? O amor ao mundo nos impede de crescer espiritualmente? Amor a qual mundo? Não a este que frequentemente destruímos e detrimento de acumular riquezas.

A disseminação da idéia de odiar esse mundo é responsável em grande parte pela apatia dos que se dizem espirituais. Pois buscam “cuidar do que é espiritual” e abandonam o mundo a sua própria sorte.

Mas esquecem que aqui moram, vivem, e que sem ele não podem ser sequer alma vivente. A alma vive através do corpo, vive para dar vida a ele. A alma sem corpo é nada e o corpo sem alma é pó. E onde está o espírito no pó? De quais coisas espirituais podemos nos interessar sendo nós pó inanimado?

Se buscássemos verdadeiramente a Deus o encontraríamos e então saberíamos que Deus se manifesta e se dá a conhecer através da criação. Tudo o que se pode conhecer de Deus nos foi revelado por Cristo e pelo próprio Deus na criação. Mas como nos distanciamos de ambos, nada podemos saber ou conhecer de Deus.

E então todo universo se encontra sem esperanças, pois o agente restaurador de tudo somos nós em Cristo. Mas se não estamos em Cristo como poderemos cumprir nosso papel no universo?

Humanos e animais continuarão a morrer por falta de compadecimento por parte dos homens, que traduz na falta da satisfação de necessidades básicas como alimentação, água, e condições mínimas e dignas de existência.

Enquanto isso o homem esta a procura de Deus, mas parece-me que não para ser como Ele, mas para ser Ele. Enquanto o homem queria ser Deus, Deus se fez humano por amor ao universo que o homem consome e depreda em sua sede insaciável pelo poder e pela riqueza.

By Presbítero Fabrício Canalis

Á procura de Deus II

Muitos morrem de fome e sede hoje porque muitos outros se negam a compreender que somos parte de um mesmo organismo. Nós humanos, os animais, minerais, vegetais, já fomos parte de um todo; o ovo cósmico.

Somos parte de um universo onde tudo está interligado e entrelaçado. Universo este criado para funcionar em equilíbrio. Mas a gula desequilibra esses sistemas vitais, condenando todo o universo a essa loucura atual e a inversão de valores que mata pessoas em favor do acúmulo de riquezas.

Todos somos pó e ao pó voltaremos. Todos somos feitos de poeira estelar. Sessenta por cento do nosso corpo é constituído por átomos de hidrogênio e todos eles já foram elementos constituintes do big bang. Os outros elementos químicos de nosso corpo (40% de seus átomos) foram forjados no interior das estrelas. São “poeira estelar reciclada”.

Buscar a Deus é buscar viver de modo sustentável na terra, sendo generoso com ela e com todos da mesma maneira com que a mãe terra (Gaia) é conosco. Se não somos capazes de respeitar nosso semelhante, (seres humanos), como respeitaremos o planeta se o consideramos menos que nós?

Não entendemos que somos um. Somos parte de um mesmo organismo vivo e pulsante. E que se parte dele morrer ou falir será a falência e a morte da humanidade e de toda a criação.

Paul Tillich define pecado e graça da seguinte maneira: “pecado é alienação e graça é reconciliação”. O mundo todo e as religiões em suas modernas teologias definem e pregam pecado de uma maneira muito leviana e egoísta. O pecado é tudo o que geralmente afasta o povo da igreja local e os fazem deixar de dar a décima parte do salário.

Pecado é uma “carta na manga” para controlar as pessoas através do medo do inferno e de um satã inventado com esse fim especifico de aterrorizar as pessoas tornando-as escravas do poder da igreja ou do clero.

Graças a Deus existem homens e mulheres pensantes que ousam desafiar o pensamento dominante e tirar suas conclusões baseadas em raciocínios inteligentemente calcados na teologia bíblica, considerando todas as ferramentas a sua disposição inclusive a ciência.

Paul Tillich define (acima) pecado e graça de forma maravilhosamente clara e verdadeira. O grande pecado não é deixar de dar o dizimo do seu dinheiro a igreja, mas deixar de dar a devida atenção ao mundo no qual vivemos e as suas necessidades.

É viver alienado dos problemas e necessidades do próximo, da criação e da criatura em geral. É falta da graça reconciliatória do homem consigo mesmo e com o universo. É viver na ignorância voluntária e alienadora que impede o ser humano de ser parte integrante e ativa do universo.

A alienação impede o homem de cumprir seu papel cósmico e cosmético tornando-o pecador por ser o que não deveria e não o deixando ser o que deveria.

Continua...
By Presbítero Fabrício Canalis

À procura de Deus I

A grande sede e fome mundial não é de água e alimento respectivamente. Mas sim de Deus! Todos têm necessidade de encontrar Deus. Enquanto não acontece esse encontro o homem continua na busca incessante de Deus, muitas vezes de maneira e em lugares errados.

Explico: o consumismo tem acabado com as famílias, finanças, casas, empresas, amizades, moral, ética, caráter, natureza, criação. É uma necessidade de ter, de satisfazer a alma com algo que só Deus pode suprir. Essa é uma necessidade intrínseca do ser humano. Não há como negá-la ou saciá-la fora de Deus.


O contato com Deus nos traz a responsabilidade cósmica e o amor necessários para cuidarmos da criação. Afinal somos todos parte de Deus. Tudo o que foi criado tem o DNA de Deus. Somos todos irmãos. Mas essa consciência nos escapa quanto mais nos distanciamos de Dele. Como conseqüência dessa fome de Deus, os homens se matam e se deixam matar, destroem e se deixam destruir.


As crianças que morrem diariamente de fome e sede são vitimas dessa falta de alimento diário por parte dos que nada fazem para mudar essa realidade. Se falta alimento material a criação é porque homens não tem se alimentado de Deus. Como uma pessoa que está em contato com Deus pode ver seu semelhante padecendo necessidades e nada fazer para amenizá-la?


Não. A culpa não é dos que morrem de fome e sede, mas nossa. A culpa é daqueles que tem como ajudar e não o fazem. É dos que ficam orando e fazendo campanhas de oração para acabar com a fome mundial, mas não abrem a carteira para contribuir e não reciclam seu lixo, não economizam água e comida, não valorizam o que tem muito fácil em suas mãos e que milhares morrem diariamente por não ter o necessário.

A responsabilidade pelos que morrem é nossa. É do povo que vota em políticos que usam a falta de água no sertão para fins eleitoreiros, das centenas de ricos que exploram os milhões de pobres e miseráveis em sua própria terra natal tirando deles até o pouco que tem buscando saciar uma sede e fome que só Deus pode sanar.


O homem confunde a sua busca por Deus com a busca desenfreada pelo consumo. Esse é o pecado da gula muito em voga hoje. Gula no sentido literal da palavra (um excessivo desejo de comer) é um sinônimo para consumismo que significa descer pela garganta. Daí um alto índice de obesos que preocupa, mas o pior são os obesos de riquezas.

Essa fome de riqueza e consumo que nunca acaba. Geralmente o obeso é também gastador, consumista, guloso. A gula não é só por comida, mas pelo consumo dos bens e riquezas naturais como água, comida também obviamente, e a natureza em geral.

Consumimos as matas, o ar, os mananciais, os metais nobres como ouro, prata e as pedras preciosas, de maneira que parecem que eles jamais acabarão e a custa de quem quer que seja.
E quando vamos nos dar conta disso?

“Somente depois que a última arvore for cortada,
Somente depois que o ultimo rio for envenenado,
Somente depois que o ultimo peixe for fisgado,
Somente nesse momento vocês descobrirão que o dinheiro não pode ser comido.” (autor desconhecido)

A falta de responsabilidade para com a vida e o meio ambiente para se manter a vida é ao mesmo tempo a consequência e a raiz dos males da humanidade hoje.

Nas palavras do escritor do texto acima está a grande verdade que todos fazem questão de ignorar. O dinheiro não pode ser comido, nem as pedras preciosas, nem o ouro, nem o petróleo pode ser usado para matar a sede.

Quando não houver mais água potável e o meio ambiente não for mais propicio a vida humana e as florestas não nos oferecerem mais o oxigênio e a terra não nos der mais alimento, como viveremos?

A pior forma de ignorância é aquela que a pessoa faz questão de manter. E a não busca pelo saber pelo medo ou pela não querência da transformação que isso trará. É a escolha pela ignorância por não querer mudar sua cosmovisão e sua ação diante dos fatos. Mas ao contrário do que se pensa essa ignorância não nos isenta das conseqüências.


Hoje alguns padecem por causa dessa ignorância glutona e consumista, mas amanhã todos sofreremos tais conseqüências até os mais ricos, pois descobrirão que dinheiro e riquezas não se comem.


Enquanto isso percebermos que os alimentos estão ficando mais escassos e, portanto mais caros. O pão subiu quantos por cento desde a década passada? Antes da miséria total e do caos, o pão talvez custe o equivalente a um quilo de caviar e, portanto só o terá quem for muito rico.

Mas chegará o dia em que não haverá mais pão e nem por todo o dinheiro do mundo poderá ser comprado. E aí? É exagero esse exemplo do pão? Que tal pensar isso em relação à água potável, ao ar, a terra?


Continua...
By Presbítero Fabrício Canalis

domingo, 28 de junho de 2009

O prazer de Deus

“E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.”(Mateus 3:17)

Esse texto contém uma verdade maravilhosa, algo que realmente nos liberta e nos conforta. Tira de nossos ombros um grande peso: o de agradar a Deus com nossos atos e ações.


Deus só podia ter prazer através de Cristo, ou seja, nele mesmo como Deus que é. Mas após a morte e ressurreição de Jesus foi-nos aberto o caminho para a salvação através da justificação pela fé em Cristo.

Então a fé de Cristo em nós opera a conversão e a transformação necessária para que Deus possa ter prazer em nós e através de nós. A partir daí somos única e exclusivamente para o prazer de Deus.

Ô gloria! Que coisa maravilhosa! Como conseqüência do crer em Jesus obtivemos salvação e Deus passa a ter prazer em nós.

Isso traz alívio para minha alma, pois, não preciso mais preocupar-me em agradar a Deus com meus atos e tal. Ele só se agrada de mim através da minha fé. O único caminho para agradar a Deus é através da fé.


Então se eu creio em Cristo e no que seu sacrifício vicário me proporciona, posso me posicionar diante de Deus como filho e agradá-lo como tal, deixando-o agir através de mim e assim dando prazer a ele.

Afinal Deus está cansado de saber quem eu sou, e eu também. O que importa na nova caminhada com Deus é saber quem Deus é, e quem posso ser em Deus. Essa caminhada constante no aprender de Deus e de si mesmo gera transformação de vida a cada passo, a cada etapa vencida nessa nova vida.

E quanto mais se caminha, se cresce, amadurece. Nesse ínterim, Deus tem prazer em nós. Deus sabe quem somos, sabia mesmo antes de nascermos. E ainda assim nos escolheu para o seu prazer. “Quanto aos santos que há na terra, são eles os notáveis nos quais tenho todo o meu prazer”. (salmos 16:3).

Você pode dizer: ah! Mas aqui ele fala de santos que há na terra. Pois, é isso mesmo. Santos somos nós. Cada um de nós que passou pelo processo de transformação radical do pensamento, transformação do homem interior, através da salvação por meio de Jesus.


Vamos falar um pouco sobre santidade. A palavra hebraica para santo é qadosh que quer dizer separado, destacado. Portanto, santo quer dizer separado por Deus e para Deus. Mas a santidade é só Deus quem pode produzir. Só Deus pode escolher e separar os que ele quer.

Então não há nada que eu possa fazer para ser santo. Nem estar aberto a isso. Pois a Deus pertence tanto o agir como o realizar. Agora, posso escolher o que fazer a partir dessa informação.

Como? Sendo simplesmente eu. Sendo o eu que Deus quer que eu seja. Ou eu creio que Deus é poderoso para me amar como sou e me transformar de acordo com sua vontade para seu prazer, ou continuo me maltratando e negando a perdoar a mim próprio deixando de dar prazer a Deus e deixando de ter prazer nele e em todo o resto.

Aí a pessoa fica de mal com vida. Sabe aquela pessoa amarga que nada a contenta, que nunca consegue nada e quando consegue; não valoriza, não lhe dá prazer. Pois é! isso é a falta de perdão. Não de Deus, mas de si próprio.

Muitas pessoas se encontram nessa situação por uma compreensão errônea do evangelho. Um evangelho barato, sem cruz, pregado por igrejas onde a prioridade é a arrecadação dos dízimos e a escravização das mentes; ao sistema religioso, ao medo do diabo e seus demônios, e a manifestações de sinais e maravilhas nem sempre genuinamente divinas.


Como posso dar prazer a Deus ou ser para o seu prazer se não tenho sequer prazer em viver ou em Deus e em mim próprio?
Não estou fazendo apologia ao hedonismo, muito pelo contrario, o prazer de Deus e em Deus traz como conseqüência o prazer às mínimas coisas em nossa vida.


E como mudamos ao saber que somos para o prazer de Deus! Ao saber que não importam as coisas que fazemos de errado, que vamos continuar errando enquanto viver, mas que isso não interfere em nada o que Deus pensa de nós, nos sentimos aliviados e leves. E isso é maravilhoso!

Não há nada que eu possa fazer que venha a ser uma surpresa a Deus. Deus sabe de tudo de antemão. Afinal ele é onisciente. E a presciência de Deus sobre mim o impede de ser pego de surpresa quando faço algo ruim.

Ele sabe de tudo e mesmo assim me amou e me escolheu. Fez isso porque é poderoso para me transformar naquilo que ele quer que eu seja e assim ter prazer em mim. Não no eu terminado, mas durante todo o processo pelo qual passo e passarei ele terá prazer em mim.


Quando a igreja entende isso Deus passa a ter prazer nela. E enquanto ela não entende isso, além de não dar prazer a Deus, não tem prazer em Deus e muito menos no servir a ele e a comunidade ou ao próximo.

Torna-se uma igreja apática, hipócrita, morna, insípida e geralmente abastada ou com pastores bem servidos financeiramente.
Somos os únicos seres capazes de dar prazer a Deus. Deus tem prazer em toda a criação por tê-la criado. Mas, nós podemos dar prazer a Deus quando agimos em favor da criação.


Outra coisa que dá prazer a Deus é a prosperidade do justo. “Cantem de júbilo e se alegrem os que têm prazer na minha retidão; e digam sempre: Glorificado seja o SENHOR, que se compraz na prosperidade do seu servo!” (salmos 35:27)


Quem é justo? Todo aquele que foi por Deus justificado através do sacrifício vicário de Cristo.

O que é prosperidade? É não ter falta de nada que seja necessário para se ter uma vida regalada nesta terra. E isso não diz respeito somente às finanças, mas sim em todos os sentidos. Sejam: conhecimento, amizades, alimento, vestimenta, lazer, ou prazer.

By Fabrício Canalis+

terça-feira, 23 de junho de 2009

O diabo na tentação de Jesus

“A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E, depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome. Então, o tentador, aproximando-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães.

Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. Então, o diabo o levou à Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do templo e lhe disse: Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra.

Respondeu-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus. Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto. Com isto, o deixou o diabo, e eis que vieram anjos e o serviram.” (Mt. 4:1 a 11)

Bom, como diria Jack -o estripador- vamos por partes.


Vamos experimentar trocar a palavra diabo por: sua própria concupiscência. Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pela sua própria concupiscência. E depois de jejuar por um longo tempo, sua concupiscência estava a mil.


É como ir fazer compras em um supermercado morrendo de fome. Quem resiste em comprar as mais deliciosas guloseimas? Da vontade de comer tudo e de tudo. Pois é. Nessas condições Jesus começa a lutar com ele mesmo, ou, com sua própria concupiscência. E então vem a mente de Jesus: se sou o filho de Deus, o ser pelo qual Deus criou todas as coisas, posso ordenar a essas pedras que se transformem em pães e matarei minha fome.


Mas lembrou-se de que a humanidade não viveria eternamente só de pães. E Ele como palavra de Deus era mais importante para toda a humanidade sendo a palavra de Deus. E que por ela- a palavra- ele e toda a humanidade deveriam viver.

E essa vida sim seria eterna e gloriosa. Era um primeiro momento em que Jesus entregou o cuidado de sua vida a Deus. Deus deveria ser suficientemente poderoso para sustê-lo, e ele confiava, aceitava e assumia o plano perfeito de Deus para ele e para toda a humanidade. “Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.”



Então, sua própria concupiscência carnal o fez duvidar e pensar: se vou morrer aqui de fome por que não atenuar esse sofrimento logo de uma vez? Ou, se sou importante mesmo, se sou filho de Deus, posso atirar-me aqui de cima do pináculo do templo e nada de mal me sucederá “porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra.”?


E nesse solilóquio angustiante percebe que sua vontade carnal o levaria a tentar o próprio Deus e pior se sucumbisse a carnalidade se tornaria o diabo (o tentador) de Deus.

Que esse ato o desviaria do propósito de Deus para ele e para a humanidade. E então faria parte e contribuiria para a injustiça desse mundo, condenando de uma vez por todas a humanidade e toda a criação a uma vida de cobiça e maldade eternas.

Já pensou se o mundo fosse como é hoje por toda eternidade? Sem nenhuma esperança de justiça, de melhora, de redenção? “Respondeu-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus.”


E Jesus foi levado por sua concupiscência carnal, a cobiça, a um monte muito alto, e viu todos os reinos do mundo e a glória deles e disse a si mesmo: Tudo isto pode ser meu. Basta me entregar a esse desejo e esquecer do propósito de Deus para minha vida e para a humanidade.

E em vez de obedecer a Deus, obedecerei a minha própria vontade. Jesus naquele momento não podia impedir que esses pensamentos aparecessem em sua mente, mas podia impedir de que ficassem e dominassem sobre ele.

Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te, pensamento tentador, porque está escrito: Ao Senhor, meu Deus, pertence minha mente, minha alma e minha vida para adorá-lo, e só a ele me dedicarei e me consagrarei.


Com isto, venceu a concupiscência carnal que o deixou, e eis que vieram mensageiros de Deus e cuidaram de Jesus. Em Lucas 4:13 está escrito: “Passadas que foram as tentações de toda sorte, apartou-se dele o diabo, até momento oportuno.”


É bem mais cômodo para nós acreditar no diabo e em coisas espiritualizadas. Mas, é bem mais difícil encarar que o diabo somos nós mesmos em nossa concupiscência carnal que nos afasta de Deus e de seu propósito para nossa vida.


É mais fácil culpar um ser chamado diabo a combater a própria maldade. Ou assumir a própria responsabilidade sobre nossos erros.

By Fabrício Canalis+

O diabo na carta de Pedro

“Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo”.
(I Pe. 5:8, 9)

Seguindo no propósito de trocar a palavra diabo por concupiscência da carne, analisaremos o texto acima proposto.
Pedro que já era bastante experiente quanto a ser peneirado por satanás escreve o documento dando o seguinte conselho: “Sede sóbrios e vigilantes...”. Sóbrio quer dizer: abstinente, abstêmio, casto, moderado, recatado entre outros sinônimos.


E vigilante quer dizer: atento, cauteloso, precavido, prudente. Agora, de que adiantaria ser tudo isso contra um diabo que é ser maligno perito em enganar e com tanto poder capaz de desencaminhar (se possível fosse) os filhos de Deus?

Mas se pensarmos no diabo como nossa própria concupiscência carnal, nossa tendência pecaminosa, nosso desejo pelo pecado, e nossa incrível capacidade em nos enganar a nos mesmos em favor de atos pecaminosos, fica mais clara a intenção de Pedro. Ele escreve justamente isso.


Cuidado consigo mesmo, sejam abstêmios da carne, sejam precavidos contra os desejos da carne e suas palavras doces como mel, mas que levam a inteira submissão à sujeira do pecado. Não que isso leve o pecador ao inferno, mas desvia a atenção da pessoa da vontade de Deus e das coisas que Deus tem para nos dar como a maturidade espiritual necessária para viver uma vida aos seus pés e impede-nos de dar os Frutos do Espírito.


A contemplação e o ceder às concupiscências nos mantêm sempre nos mesmos erros, na mesma vida, nos impede de crescer e amadurecer e ser mais parecidos com Cristo.
“O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar.” Será que um ser maligno anda ao derredor de todos os cristãos no mundo? Então o diabo é onipresente assim como Deus?


Creio que o diabo mencionado nesse texto é a malicia do ser humano em convidar-nos e tentar-nos a atender a concupiscência carnal. E essa concupiscência poder ser qualquer coisa que nos desvie da vontade de Deus e nos insira no contexto desse sistema mundano corrompido pelo pecado ao qual temos que nos opor com toda força e reverter o mal que o mesmo tem provocado à vida das pessoas e a toda a criação.


“Resisti-lhe firmes na fé”. Resistir a quem? Ao diabo, “poderoso ser maligno” que só Deus pode conter e Jesus o único a resistir-lhe? Não creio nisso. Pois se Deus e Cristo já o venceu, ainda tenho eu que resistir a ele? Creio que Pedro mais uma vez se dirige à tentação e o desejo pela concupiscência carnal.

Devemos resistir às tentações de fazer parte ou de contribuir com o sistema mundano corrompido como, por exemplo: agir com injustiça, maltratando ou deixando que maltratem a criação como um todo. É resistir à própria cobiça de ter mais do que necessário e a custa de outrem ou do meio ambiente. É resistir ao desejo de passar os outros para trás, de se dar bem a qualquer custo.


“Certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo”. Outra coisa que não creio é que todos os irmãos no mundo todo estão sendo tentados ao mesmo tempo pelo diabo. Não há a menor possibilidade de isso acontecer. Mas se pensarmos que a humanidade pode ser tentada pela própria cobiça no mundo todo ao mesmo tempo, isso sim me parece plausível. Afinal, o egoísmo, cobiça, fome, frio, roubos, invejas, e outras maldades são as mesmas em qualquer parte do planeta.


Pedro escreve que é assim no mundo inteiro onde há cristãos há essa luta ferrenha contra a carne, contra a maldade que própria carne pode produzir. E mais; isso é privilegio somente “da irmandade”, ou seja, dos cristãos. Pedro não se refere a toda população ou a todas as pessoas. Pois a luta contra esse diabo só tem quem verdadeiramente faz parte da nova criação: a dos filhos de Deus.


O ser diabo (uma personificação do mal) pode até existir, mas não oferece risco aos filhos de Deus. Pois já foi por Ele vencido na cruz. Então o diabo que os cristãos devem tratar com sobriedade e vigilância não é outro senão a sua própria concupiscência.

By Fabrício Canalis+

segunda-feira, 15 de junho de 2009

µЄτάνοια


“Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte.” (2 Co. 7:10)

A palavra µЄτάνοια (metanóia) expressa a mudança profunda e radical da mente que o Espírito de Deus opera, em uma experiência genuína de salvação.

E a palavra mente destacada na definição de metanóia tem a seguinte definição segundo Thayer: “Mente, incluindo as faculdades de percepção e compreensão, emoções, juízo e vontade.

A faculdade intelectual, a razão, a faculdade de perceber coisas divinas, de reconhecer o bem e o mal, o poder de julgar sóbria, calma e imparcialmente, os poderes mais elevados da alma.” Souter acrescenta a definição acima o seguinte: “razão, intuição, coração.

A igreja por si só não existe. É formada por pessoas que supostamente tiveram um encontro com Deus que resultou em uma metanóia, ou seja, “mudança da mente, mudança do homem interior” (Souter), “arrependimento para a salvação” e por isso fazem parte de uma organização religiosa.

Com um fim específico de ajudar o próximo, a pregação do evangelho vai além de simples palavras. Era seguida de sinais maravilhosos onde os ouvintes, judeus em sua maioria, eram convencidos pelo Espírito através de maravilhas mostradas pelos apóstolos. Mas hoje temos ainda muitas igrejas descontextualizadas buscando receber e manifestar milagres e sinais maravilhosos.

Não levam em consideração as palavras de Jesus que diz: “Ele, porém, respondeu: Uma geração má e adúltera pede um sinal; mas nenhum sinal lhe será dado, senão o do profeta Jonas. Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra”(Mt 12:39,40).

“Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal lhe será dado, senão o de Jonas. E, deixando-os, retirou-se” (Mt 16:4). E assim vivem nessa busca incessante por um sinal que já veio. E outros milagres poderão vir, mas, agora como conseqüência da metanóia e da vida comum com Deus.

Muitos milagres sairão das mãos da própria igreja, quando esta se dignar a sair em busca do perdido e necessitado ao invés de um viver ensimesmado e distante dos que realmente necessitam dela por “serem do mundo”.

Vou procurar me expressar melhor.
Uma igreja quando ora pedindo provisão aos que nada tem para se alimentar pode ser um milagre quando resolve arrecadar entre os irmãos e em toda comunidade alimentos para os tais necessitados. Deve procurar envolver-se dando exemplo de prática e através desse agir constranger a comunidade a participar ativamente desse processo.

O papel da igreja vai além de orar. Ele só começa com ela e depois é necessário seguir em frente na caminhada. A cada passo sendo mais parecido com Cristo e aprendendo mais dele, sendo como ele foi, agindo como ele agiu.

Não consigo ver a igreja cristã como verdadeira continuadora da obra e implantadora da “basileia tou theou” (Reino de Deus) sem que siga os passos de Cristo, sem que se pareça com ele. Não é possível sequer fazer a oração do “Pai Nosso” quando diz venha o teu Reino.

Pois esse Reino (do Pai) já veio com o advento de Cristo e a nós cabe dar segmento a implantação desse Reino, manifestando-o como Jesus o fez, ou seja, em amor. Pois, o Reino de Deus está presente e não está, ao mesmo tempo.

Deus está instalando e realizando seu Reino entre os homens agora mesmo. E este Reino de Deus presente entre nós não é imediatamente visível para todos. O Reino permanece oculto aos olhos dos que não estão preparados para recebê-lo, dos que não têm condições para aceitá-lo.

Por isso, ensinar o Reino de Deus não consiste em explicar o conceito nem em fazer com que se aceite, mas em mostrá-lo através de fatos concretos de tal maneira que as pessoas possam reconhecê-lo.

Talvez a palavra que mais traduza amor seja caridade. Que significa: altruísmo, beneficência, filantropia, humanidade. Que é amor com ação. Ou amor que gera ação. Portanto Cristão não é dizer o que Deus é, mas sim o que Deus faz.

Na Bíblia, reinar tem um sentido ativo: reinar é libertar, vencer, impor o seu domínio. Portanto a mensagem cristã não diz que Deus existe, o que dizem todas as religiões e todos os povos. Prefere dizer contra quem Deus luta, como luta e com que armas luta.

O Reino de Deus tem um nome concreto: Espírito Santo. Se o Reino de Deus é o Espírito Santo, isto quer dizer que Deus não luta por seu Reino sozinho. Deus entrega toda a sua luta nas mãos dos homens, pois, o Espírito não tem atuação própria; age sempre nos homens e através deles.

O Reino de Deus nasce se os homens aceitam agir e lutar. O Reino não existe se os homens não o tornam realidade.

Deus reina através da cruz: este é o mistério supremo do Reino. A cruz é a arma dos que não tem armas, a arma dos fracos, marginalizados. Significa que quando não há mais esperança, ainda resta a esperança da confiança do Pai, da segurança do triunfo do Reino de Deus, apesar de todas as adversidades.

A vitória e o Reino estão na própria cruz. A firmeza e invencibilidade do crucificado, que não cede diante das ameaças, é a essência da vitória. O Reino de Deus no tempo presente não é um reino estabelecido, instalado; é um reino da cruz. Sua vitória é o próprio combate.

A cruz é uma dimensão permanente do Reino. Deus reina nos crucificados porque eles são a parte do mundo que Satanás e o pecado não conseguiram conquistar. São os homens que não se renderam.

Assumir o mundo inteiro e transformá-lo numa missão total é o Reino de Deus na terra. Mas, para ser missionário, uma pessoa tem de haver passado e pela metanóia (conversão) sob pena de fazer coro às várias igrejas e sistemas institucionais que nasceram do cristianismo, entre elas várias Igrejas seculares, onde o individualismo não constrói o Reino de Deus, constrói o anti-reino.

O que está acontecendo em larga escala hoje em dia, vide os programas evangélicos de tv e a ênfase dada na maioria dos cultos evangélicos.

Ouso dizer que a igreja contemporânea depende mais do Diabo para sobreviver do que do próprio Deus. Experimentemos acabar com a ênfase nos demônios possuidores de corpos e geradores de doenças, maldições hereditárias ou não, e concentramos somente no que é bom e pregar a graça divina.

Talvez as igrejas e seus cofres fiquem vazios. No capitulo 16 deste livro questiono isso. Se o Diabo e o inferno não existissem ainda assim optaríamos por Deus? Nossa cede de Deus é pelo que ele é, ou por medo do sofrimento escatológico pregado e inventado pelos antigos chefes do catolicismo afim de controlar as pessoas e mantê-las escravizadas à fé herege que lhes era pregada?

A metanóia é vital para a salvação e o viver como tal. Ate mesmo o conhecimento e sabedoria disponíveis aos salvos são mais profundos, pois só tem acesso a eles quem faz parte da nova criação, assim como só podem entender e aceitar tais “insights” divinos.

Um exemplo clássico do que menciono agora é o senhorio absoluto de Jesus. Há varias referencias nas epistolas paulinas a Deus Pai como criador de todas as coisas, mas que traz Jesus Cristo como agente e alvo da criação.

Em Cl. 1,16 no grego o verbo está no tempo perfeito, que indica uma ação realizada no passado cujos efeitos e realidade ainda se fazem concretos no presente do escritor: “Deus tem criado nele, por meio dele, e para ele, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra”.

Através desta fórmula, Jesus é apresentado como meio-ambiente da criação (nele), como agente divino da criação (por meio dele), e como o alvo (para ele) da criação. A criação consiste de todas as criaturas, seja as que vivem na terra, seja as que vivem fora e acima dela.

A polêmica contra os conceitos dualistas do mundo presente na cultura greco-romana é claramente perceptível. Cl. 1:17 e 1 Co 8:6 afirmam que somente por meio de Cristo é que todas as criaturas subsistem.

Toda e qualquer idéia de um destino cego e impessoal, ou de poderes astrais ou demoníacos que governem a vida humana é colocada sob suspeita e mostrada inválida, pois há um só Senhor de todas as coisas: Jesus Cristo, o meio, agente e alvo da Criação de Deus Pai. “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades: tudo foi criado por ele e para ele.”(Cl. 1:16)

Esta afirmação não pode ser interpretada simplesmente como que seres angelicais ou demoníacos, ou poderes e estruturas terrestres criados por Deus em Cristo, por meio de Cristo, e para Cristo.

Mas, simplesmente faz afirmação de que toda e qualquer estrutura, sociedade, leis, instituições e regularidades da natureza, evolução, história, a psiqué, a mente, estão sujeitas ao domínio e senhorio de Cristo como Senhor absoluto de todas as coisas. É Jesus o criador e senhor, é a fonte de vida, o garantidor da existência o alvo da realidade criada e a plenitude totalizadora de tudo quanto existe.

Na igreja regenerada, aquela que experimentou a metanóia, Deus é Pai de todos, que reina sobre todos, age por meio de todos e permanece em todos, segundo traz Ef. 1:20-23 “Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos, e pondo-o a sua direita nos céus ,acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro;E sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos.”

A única maneira de sermos o que temos de ser, da maneira como Cristo sonhou que fossemos, e que o mundo desesperadamente necessita que sejamos; é através da metanóia.

Ou seja, através da mudança profunda e radical da mente -faculdade intelectual, a razão, a faculdade de perceber coisas divinas, de reconhecer o bem e o mal, o poder de julgar sóbria, calma e imparcialmente, os poderes mais elevados da alma, razão, intuição, coração - que o Espírito de Deus opera, em uma experiência genuína de salvação.

Sendo assim só me resta pedir que:
O SENHOR nos abençoe e nos guarde;
O SENHOR faça resplandecer o rosto sobre nós e tenha misericórdia de nós;
O SENHOR sobre nós levante o rosto e nos dê a paz.

By Presbítero Fabrício Canalis+

segunda-feira, 16 de março de 2009

O que importa é ser feliz

“Feliz a nação cujo Deus é o SENHOR, e o povo que ele escolheu para sua herança.” (Salmos 33:12).

Vemos hoje uma corrida desesperada atrás de dinheiro. É essa a força motriz da humanidade em todo o globo.

O capitalismo se estabeleceu de forma tenaz, não dando espaço nem tempo para que as pessoas pensem no por que e na serventia do dinheiro. Assim permanece a máxima: dinheiro é sempre bem-vindo, ou dinheiro é sempre bom.

Mas o bom mesmo é ser feliz!
Na verdade é o que importa de verdade. Mesmo sem perceber é o que as pessoas querem. Queremos ser felizes e sempre atamos essa idéia ao dinheiro, ou a quantidade de dinheiro que temos ou que desejamos um dia ter.

A felicidade, que é o que importa a todo ser humano, não depende dos fatores que usualmente empregamos ou nos justificamos: dinheiro. Mas, sim de ser povo de Deus e agir como tal.

Nos países mais ricos do mundo, alguns milionários viajam a países pobres na intenção de conhecer e ajudar. E então voltam para suas vidas sentindo-se felizes e abençoados por não fazerem parte do cotidiano dessas pessoas e também com a alma (leia-se consciência) mais leve por terem feito o bem a quem necessita.

Cada vez mais se está valorizando o trabalho voluntário, pois esse tipo de atividade tem curado muitas pessoas de depressão e outras doenças. Simplesmente pelo fato de poder fazer alguém feliz. O doar-se faz bem a quem se doa. Por isso Jesus enfatizou tanto esse fato.

Na maioria das vezes o trabalho voluntário é feito não com a simples vontade de ajudar, mas pelo desejo egoísta de ser feliz, de sentir felicidade. Não importa o por que. Só importa o fazer, o doar-se em prol de outrem, mesmo que motivado pelo desejo egoísta de ser feliz.

Mas há quem diga que está errado o mote acima. Pois não vale o ser feliz a qualquer custo, ou à custa de outrem.

Mas não esqueçamos que só há uma maneira de ser feliz: sendo nação escolhida por Deus. Portanto os que de Deus não são nascidos, não podem ser felizes nem fazendo o mal ou tudo o que é errado. Mas podem sentir felicidade, mesmo sendo maus, fazendo o bem.

Em suma se cada pessoa entender sua natureza humana e divina, buscar ser feliz entendendo que o único caminho à felicidade é realizando-se através do próximo; a vida seria bem melhor e mais bonita.

Enfim as pessoas se cercam apenas de quem as interessam. Se o interesse for ser feliz nos moldes de Cristo, as pessoas se cercarão de outros seres que tem algum tipo de necessidade a qual possam satisfazer. Afinal não isso o cristianismo?

Se tais pessoas se cercarem de pessoas com intenções excusas é talvez sinal de que nunca estiveram perto de Deus e nem teem obrigação de serem bons ou de agirem com bondade.

Devemos confiar que Deus é poderoso para nos guardar de todo o mal e de nos abrir oportunidades de vivermos o evangelho de forma a provocar o desejo de ser cristão aos outros.

Afinal... “Feliz a nação cujo Deus é o SENHOR, e o povo que ele escolheu para sua herança.”(Salmos 33:12)

Presbítero Fabricio Canalis