sábado, 2 de agosto de 2008

A nossa cruz de cada dia




"Dizia a todos: Se alguém quer vir a mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me." Lucas, 9:23


O contexto desse versículo não é agüentar as tristezas do mundo, ou o marido beberrão, a esposa preguiçosa, os irmãos da igreja que nos magoam, o pneu do carro que furou a caminho da igreja ou outra desgraça qualquer que povoam o imaginário popular.

É nada mais que, negar-se a ser "dono de si".
É matar crucificado todos os dias o EU.
É estar nas mãos do Senhor e entender esse senhorio.
É passar pela cruz todos os nossos desejos, todos os dias, para que sejamos cheios da vontade de Deus.
É colocar a nossa vontade debaixo da vontade de Deus.
É ser vivificado pelo Espírito de Deus, enquanto morremos com Jesus na Cruz.
É ressuscitar com Cristo, tendo tanto desejo pelo pecado quanto um morto deseja algo.

O seguir a Cristo, é carregar cada um a sua cruz sabendo que isso é estar pronto a cravar nela todo e qualquer desejo de manifestação da concupiscência carnal que por ventura tente seduzir-nos.

Carregar a cruz não significa sofrer o peso da mesma, mas sim levar consigo uma arma de defesa para quando os desejos da velha criatura aflorarem serem imediatamente pregados no madeiro.

Carregar a cruz é lembrar a todo instante do seu real significado para toda a raça humana e todo o cosmos, não dando voz a sedução que nosso primeiro pai sujeitou toda a criação.

Um dia ouvi, ou li em algum lugar a estória descrevo a seguir:

"Havia um homem que estava reclamando muito em suas orações, que sua cruz era pesada demais.
Um dia, veio-lhe um anjo dizendo que Deus havia permitido que ele trocasse sua cruz por outra que lhe agradasse.

Então o anjo o levou a uma sala onde havia muitas cruzes, de todos os tamanhos, medidas e formas.
O homem então deixou a sua cruz num canto perto da porta de entrada daquela sala e começou a procurar uma que lhe servisse.

Encontrou uma cruz bem pequena deitada no chão, e achou que ela seria a ideal. Mas, ao tentar levantá-la não conseguia, pois era tão pesada que parecia estar fundida ao chão.
Tentou uma outra, que parecia mais leve, mas também não deu certo, era muito difícil de levar.

E assim experimentou muitas, de diversas formas e tamanhos até que encontrou uma que não era tão pesada, nem muito grande. Era perfeita!
O homem alegre, disse ao anjo: Encontrei! É essa que eu quero! E teve a aprovação do anjo, ficando com a tal cruz.
O anjo então disse ao Senhor: Os humanos são tão engraçados! Esse homem por exemplo, reclamava tanto de sua cruz, quando teve oportunidade de trocá-la por outra, escolheu, escolheu, e dentre todas as cruzes acabou pegando a sua própria."

Essa ilustração mostra que é possível para nós entregarmos à cruz nossa concupiscência.
O "EU" que devemos crucificar com Cristo, que parece imortal, se torna nada por causa da morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Ele nos ajuda e nos dá forças para não só carregar a cruz, mas para passar por ela nossa “nostalgia pela terra do Egito”.
E para depositar aos pés dela, todo o "eu" para ter Cristo como Senhor absoluto.

O exemplo de João Batista nos inspira: convém que Cristo cresça mais e mais e que diminua eu mais e mais.

By Presbítero Fabrício Canalis

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