terça-feira, 4 de novembro de 2008

A Igreja tem que morrer ( parte 2 )



“...e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus. E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas, agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis...” Colossenses 1:20 a 22


Ao ser crucificado Cristo expôs toda potestade e principado envergonhando-os. A igreja adora usar essa frase para dar uma conotação de que a batalha espiritual foi vencida, os demônios derrotados e o Diabo humilhado.

Mas principados e potestades são domínios humanos e não espirituais. Pois no Reino espiritual não há principado, nem potestades, nem demônios, ou um ser Diabo que domina as trevas.

A verdade é que Jesus é Senhor absoluto! Tanto de luz, de trevas, de anjos, de humanos, do bem, do mal.

Quer dizer que Jesus é o Senhor das trevas e do mal então?
Sim! A bíblia diz que sim!

I Coríntios 8: 5 e 6 “Porque, ainda que há também alguns que se chamem deuses, quer no céu ou sobre a terra, como há muitos deuses e muitos senhores, todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele”.

E em corintios 15:27 diz: “Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos pés. E, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, certamente, exclui aquele que tudo lhe subordinou”.

Agora se todas as coisas estão subordinadas a Cristo, o que sobrou a outros?
Nada! Esse texto deixa bem claro que Cristo é senhor absoluto de tudo.

Não havendo então outros senhores que se equiparem ou se comparem a ele.

Mas o que então foi humilhado e exposto lá na cruz?

Toda a sabedoria e justiça humanas que não souberam reconhecer o justo sofrendo a pena de malfeitor.

“...e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz”. Colossenses 2:15

Todo principado (governo) humano, e toda sabedoria, senso de justiça e conhecimento de Deus, foram expostos e humilhados publicamente, quando o Filho de Deus foi confundido e morto como um bandido da pior extirpe.

Jesus não foi envergonhado na cruz, mas sim os governos (principados), lideres políticos e espirituais da época (potestades) que não puderam, apesar de toda sua pompa, sabedoria e autoridade, reconhecer o justo sendo castigado na morte pela cruz. Essa é a grande vergonha!

Por isso a igreja tem que morrer. Pois não há como ter esse discernimento espiritual se não vir de Deus.

E Deus só dispensa seu Espírito a quem nasceu de novo. Mas para nascer de novo, deve antes morrer para toda sabedoria e concupiscência carnal.

Morrer para deixar de fazer parte desse sistema corrompido pelo pecado. Crucificando esse mundo de ardil carnal em favor do novo nascimento espiritual.

“Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo.
Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura”. Gálatas 6:14 e 15.

A igreja tem que morrer para saber discernir o certo do errado, num mundo de sutilezas malignas e para que possa produzir frutos de uma igreja regenerada.

Por exemplo: qual o papel da igreja diante das misérias humanas, das mazelas da natureza, e do sistema político-social corrompido?

Não seria fazer a diferença?
E é o que tem acontecido?

Ou algumas igrejas ainda se somam ao gigante sistema capitalista cruel e grande incentivador da classe burguesa em detrimento das classes menos favorecidas.

As igrejas hoje, muitas delas, desfocaram do alvo principal (os marginalizados, fracos e oprimidos) para favorecer os que têm privilégios políticos, riquezas, “status” de pessoa importante.

E quando olham para os esquecidos, não é com outro motivo senão multiplicar-lhes as mazelas, tirando deles até o pouco que tem. E o pior usando para tal, o nome santo de Jesus, que morreu por estes pequeninos.

É vergonhoso para a igreja se encontrar nessa situação tão deplorável.
Vejamos esse texto em Apocalipse capitulo 3 versos 14 a 19:

“Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!

Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.

Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.

Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te”.

Impressionante como esse texto fala tão claramente a um grande número de igrejas da atualidade! E a igreja só encontrará o ouro refinado, vestiduras brancas, e colírio para que possa ver se for de encontro à cruz de Cristo.

Somente através de um novo nascimento isso é possível. Quantas pessoas há que tem cargos importantes na igreja, são até mesmo pastores, mas não fazem parte da nova criação de Deus.

Afinal isso tanto é verdade que a carta acima é endereçada ao pastor da igreja. E vemos também no texto a seguir:

“Estes, porém, quanto a tudo o que não entendem, difamam; e, quanto a tudo o que compreendem por instinto natural, como brutos sem razão, até nessas coisas se corrompem.

Ai deles! Porque prosseguiram pelo caminho de Caim, e, movidos de ganância, se precipitaram no erro de Balaão, e pereceram na revolta de Corá.

Estes homens são como rochas submersas, em vossas festas de fraternidade, banqueteando-se juntos sem qualquer recato, pastores que a si mesmos se apascentam; nuvens sem água impelidas pelos ventos;

árvores em plena estação dos frutos, destes desprovidas, duplamente mortas, desarraigadas; ondas bravias do mar, que espumam as suas próprias sujidades; estrelas errantes, para as quais tem sido guardada a negridão das trevas, para sempre”. Judas 1: 10 a 13.

A igreja tem que morrer e nascer de novo para poder combater esses engodos servos de satanás, através de uma pregação idônea e prática do evangelho de Jesus.

Através de ações incisivas e amorosas a quem delas necessitam. Ao invés de mostrar uma igreja de poder em manifestar sinais e prodígios, mostrar uma igreja capaz de se compadecer e socorrer os necessitados.

Pois esse é o maior sinal que a igreja poderia fazer. Se tornar uma instituição indispensável para a manutenção da vida, ordem, e paz na terra.

Uma igreja santa, irrepreensível, unida, justa e trabalhadora.

Uma igreja capaz de manifestar a justiça divina, amar, dar em vez de receber.

Uma igreja capaz de mostrar na vivência dos seus membros a graça restauradora e niveladora de Cristo.

Pois em Cristo não há “judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gálatas 3:28).
By Presbitero Fabricio Canalis

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