quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A "psiquè" de Cristo







Eu vim para lançar fogo sobre a terra e bem quisera que já estivesse a arder. Lucas 12:49


Depois de várias exortações e avisos, Jesus diz aos seus discípulos a frase acima.

Muitos já ouviram essa frase como se Jesus ameaçasse mandar fogo do céu para destruir essa terra, esse mundo que jaz no maligno.

Outros preferem dizer que seria o pentecostes que perdura ainda hoje na visão de alguns, onde o espírito de Deus seria o fogo que batizaria a terra.

Acredito no seguinte: Cristo se referia simplesmente a essa diretriz, essa visão que ele estava passando aos discípulos.

De cuidar do mundo, das pessoas, das criaturas, anunciando o Reino e manifestando o reino aos povos.

Onde a inversão de valores é de fundamental importância. Onde o dinheiro, as riquezas, as pessoas estão a serviço de algo maior, a saber o próprio reino.

Jesus até mesmo adverte aos seus discípulos quanto ao cuidado que devem ter para que não se percam dessa visão e após morrerem ainda a terem lançada no esquecimento.

(Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer).

A visão era espalhar o evangelho libertador e salvador por toda a terra de maneira que não houvesse mais necessidades que não fossem satisfeitas pelo próximo.

Onde uma terra seria batizada com o batismo do Senhor que é uma entrega tal ao próximo, capaz de consumir a própria vida em função dessa visão do bem estar do outro. Como foi o batismo de Cristo na cruz.

Na idéia de Jesus a terra arderia nas chamas dessa visão e o combustível a ser queimado seria o egoísmo e toda a concupiscência carnal que impede o ser humano de ser o despenseiro fiel que Deus deseja que seja.

Portanto não adianta ficarmos orando pedindo um avivamento, um derramar do Espírito, quando não há sequer uma fagulha dessa chama para arder em prol de toda a criação.

De que adianta o “pentecoste” atual, se nem sabemos que espírito somos. Achando que Deus falava, no texto acima, de mandar fogo para queimar os infiéis aqui na terra e poupar os bons crentes.

Se Deus mandasse fogo para queimar destruir os infiéis, não sobraria uma pessoa sequer.

O sonho de Deus é ver a terra e as pessoas consumindo e gastando suas vidas, posses e tempo, tudo visando o reino de Deus manifestado-o ao próximo.

Se fizéssemos isso em primeiro lugar, nem existiria primeiro ou segundo lugar. Pois Deus de nada deixaria faltar aos seus, pois cuidaríamos uns dos outros como sendo as próprias mãos do Altíssimo.

Jesus teve uma visão que comunicou aos discípulos e disse “quem dera já estivesse ardendo”. Essa chama ardeu nos apóstolos, mas se perdeu até chegar a nós.

E hoje essa frase dita por Jesus é pregada de forma distorcida afastando-nos ainda mais do sonho de Cristo em ver a terra ardendo em amor mutuo e recíproco.

É muito mais fácil ficar clamando ao Espírito Santo por um avivamento que nunca chega. E culpa-lo por isso. Afinal o avivamento não se dá porque o Espírito Santo não quer.

Que estorinha ridícula de pessoas que não querem se dispor a trabalhar e abrir mão de sua própria vida em amor à vida comum!

O fogo foi lançado em cada cura, cada ato ou palavra de Jesus e seus apóstolos. Agora o fazer arder depende de mim e de você.

Depende de cada um de nós ardermos essa mensagem libertadora do evangelho a todo canto do mundo. Cabe a cada um de nós o entregar-se e gastar-se em favor da vida.

E assim o fogo se espalha e um dia, com certeza um dia, o sonho de Cristo se tornará realidade: a terra toda arderá com o fogo do amor de Deus, consumindo todo egoísmo e todo individualismo burro e destrutivo.

Extirpando do meio do seu povo a falta de amor e cuidado com o outro.

Devemos nos lembrar sempre: O segredo não é multiplicar, mas sim partilhar!

By Presbítero Fabricio Canalis

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

E se não houver inferno?



Bom, para inicio de conversa vamos examinar as pistas que a Bíblia nos dá sobre o inferno.

“Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo”. Mateus 10:28

Neste texto temos uma noção que se existe um inferno como “lugar de tormentos”, mas, esse sofrimento não será eterno.

Talvez depois que a pessoa terminar de pagar por seus erros, o sofrimento termine com a morte ou sua condenação à inexistência (veremos mais a seguir).

Pois, a verdade que o texto traz aqui é que; a alma (do grego é psuche, isto é, psique que significa mente ou pensamento, idéia, fé) e o corpo perecerão no inferno.

E perecer significa, segundo o Dicionário Silveira Bueno: falecer, acabar, findar, deixar de existir, morrer, ser assolado. Assim sendo se pode entender que a alma e o corpo serão condenados ao inferno onde se encontrarão com a inexistência, à morte, ao deixar de ser. E se o corpo e a alma deixarão de ser, não serão mais eternos.

“Se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida com um só dos teus olhos do que, tendo dois, seres lançado no inferno de fogo”. Mateus 18:9

Novamente aqui a Bíblia nos dá uma idéia de sofrimento com fogo. Isso nos dá a entender justamente uma idéia de sofrimento, mas não eterno. Pois o fogo consome tudo o que toca. Portanto, um sofrimento que tem fim.

“E, se tua mão te faz tropeçar, corta-a; pois é melhor entrares maneta na vida do que, tendo as duas mãos, ires para o inferno, para o fogo inextinguível” Marcos 9:43

Novamente aqui o inferno com fogo. Mas o que é inextinguível é o fogo. Pois a matéria que for para lá lançada, perecerá, ou deixará de existir sendo pelo fogo consumida.


“Ora, se Deus não poupou anjos quando pecaram, antes, precipitando-os no inferno, os entregou a abismos de trevas, reservando-os para juízo”; 2 Pedro 2:4

Aqui temos uma discrepância, pois, como vimos nos textos acima no inferno há fogo e se há fogo não pode haver trevas.

Afinal as chamas iluminariam as trevas e as trevas não seriam trevas. Inferno no texto mencionado é a palavra tartarus que significa prisão.

Então abismo, trevas, inferno, é tudo um tipo de sinônimo ou uma forma superlativa de descrever o sofrimento e incutir o terror às pessoas. Sem contar que nenhum castigo pode ser infringido a alguém sem antes haver sido dada a sentença.

E sentença de castigo geralmente vem após o julgamento e de forma alguma o precede.

“E olhei, e eis um cavalo amarelo e o seu cavaleiro, sendo este chamado Morte; e o Inferno o estava seguindo, e foi-lhes dada autoridade sobre a quarta parte da terra para matar à espada, pela fome, com a mortandade e por meio das feras da terra”. Apocalipse 6:8

Esse texto nos dá a impressão de morte por sofrimento. Ou então, logo após a morte ser lançado no local de sofrimento.

“Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo”. Apocalipse 20:14

A morte e o inferno são condenados à inexistência, pela segunda morte. Pois, perde o sentido de ser não tendo mais a quem atormentar uma vez que as almas e os corpos foram consumidos pelo fogo.

Novamente vem o sentido de um tempo de sofrimento determinado e depois a inexistência total. A segunda morte será a inexistência eterna. Enquanto os salvos gozam da presença de Deus, os condenados deixarão de existir.

Simplesmente não haverá lugar para os que não se enquadrarem ao tipo de vida que Deus escolheu para essa nação celestial. Então, não existirão mais.

Pois não haverá outro lugar destinado a eles, pela eternidade. O castigo maior será simplesmente não poderem existir no seio da Igreja de Cristo agora totalmente glorificada junto a Deus.

Será como se nunca tivessem existido enquanto que os salvos estarão se regozijando por todo o sempre. As pessoas jamais se lembrarão de quem provou da segunda morte, pois sua existência será extirpada, como se nunca houvera existido.

Muito bem, agora podemos chegar a uma conclusão. E é esta. Não importa se você crê ou não na existência do inferno como morte eterna, ou sofrimento eterno.

O que importa é: o que te move a ir de encontro a Deus? Pois, se o inferno não existe como lugar de sofrimento eterno, não pode ser tão mau assim. Dá até pra encarar fazer uns pecadinhos não crendo em Deus e em Cristo como única forma de salvação.

Ou então simplesmente negar a Deus e rejeitar sua salvação e se arriscar a não fazer parte do time que irá para o céu. Pois de repente até vale a pena “curtir a vida adoidado” e depois de uns tempos em sofrimento no inferno, deixar de existir.

O que não seria de todo mal se comparado a um sofrimento eterno.

Mas a pergunta persiste. O que te faz escolher crer em Deus e seguir por esse caminho?

Se for o medo do inferno, e eu consegui te deixar na duvida de que talvez não seja tão ruim quanto pregam, então, seu medo já não tem razão de ser.

Você já pode sair feliz da vida e aprontar um monte. Mas eu acredito que uma igreja madura não segue a Cristo por medo do inferno, senão já não é digna dele. Mas por amor a Deus.

Se você opta pelo caminho certo somente por medo de ser castigado, seu foco está errado.

E você incorrerá no erro de muitas pessoas que aterrorizadas pelos cristãos dos primeiros séculos se mantinham obedientes às ordens mais esdrúxulas e heréticas por medo da condenação ao inferno.

Eu lhes asseguro que Deus não está interessado em pessoas que optem por Ele por medo do inferno. Isso é uma afronta gravíssima que fere profundamente o coração do altíssimo.

Principalmente porque Ele sempre se nos revelou como Deus de amor. Ele não quer ser temido, mas sim amado. Não pretende ter seu povo sob seu domínio tirano, mas sim debaixo de sua graça e amor incondicional.

Devemos nos esforçar em alcançar maturidade espiritual e conhecimento próprio e de Deus para que possamos amá-lo cada vez mais pelo Pai amoroso, bondoso e paciente que é.

Agora, se para você não fez diferença nenhuma se o inferno existe ou deixa de existir. Se é eterno ou não. Se é lugar de sofrimento ou não. Se tem fogo ou não.

E mesmo assim você continua amando e caminhando em conhecer esse Deus maravilhoso, você está no caminho certo.

E afinal de contas, por que preocupar-se em saber se existe ou não um lugar onde não se pretende ir, ou estar um minuto sequer?

Ninguém caminha olhando para onde não se quer ir. Muito pelo contrário, só se mira naquilo que se deseja atingir. Caso contrário nunca se chegará lá.

“Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos”. Colossenses 3:15

“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.

Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.

E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.

Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?

Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós.

Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?

Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.

Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”. Romanos 8:28-39

By Presbítero Fabricio Canalis





terça-feira, 4 de novembro de 2008

A Igreja tem que morrer ( parte 3 )




“Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus”. Rom 6:10

A igreja tem que morrer, para nascer de novo e restaurar o caos que no mundo criado reina absoluto.

A igreja tem que morrer e nascer de novo para:

- Ocupar-se com sensibilidade com a natureza e ecologia, restaurando o que destruiu e usando de forma sustentável o que sobrou.

- Socorrer aos necessitados não como alguém importante dá uma esmola, mas como objetivo principal de frutificar por causa do novo nascimento.

- Para deixar o gueto no qual se confinou, e se misturar para ajudar a acabar com a sujeira do mundo. Deixar de ser uma igreja alienada.

- Para deixar de fazer acepção de pessoas por motivos como: crenças, cor, poder aquisitivo, aparência física, vestimenta, cultura entre outros exemplos.

- Em vez de criticar quem faz juntar-se a ele para fazer com mais eficiência e maiores resultados (ex. Greenpeace, Maçonaria, Rotary, Lions, e outros clubes de serviços e comunidades ou Ongs).

- Ser notada pelo serviço que faz para a uma comunidade que se torne imprescindível sua presença ali.

A igreja deve morrer e renascer para ter discernimento e buscar conhecimento saudável. Para que o louvor não saia apenas dos lábios, mas sim do coração como resultado de um profundo sentimento de gratidão a Deus por sua graça a nós dispensada.

Mas o que mais vemos nas igrejas e em programas de televisão são músicas sem uma letra ou mensagem definidamente cristã e até mesmo heresias são cantadas com toda a alegria.

Sem a menor consciência do que significa. Pois o povo carece de conhecimento bíblico e de Deus.
A igreja deve morrer e renascer para pregar um evangelho de transformação de vida.

Um evangelho verdadeiramente bíblico e não fantasioso e desfocado como o que tem sido apresentado hoje.

Há que se voltar aos ensinamentos apostólicos com interpretações contextuais e hermenêuticas observadas com aprofundamento para garantir a máxima fidelidade aos ensinamentos neles contidos.

A igreja deve morrer e nascer de novo para saber quando um pastor ou padre (líder religiosos) está preparado para assumir ou continuar a frente de um trabalho.

Ou quando está pregando heresias, ou vivendo de forma que não condiz com a ética cristã.

E não fechar os olhos a isto, mas sair em socorro desta alma que também necessita ser apascentada e orientada, para que possa ser útil novamente ao trabalho cristão, ou não.

Mas que essa condição pecaminosa e terrivelmente desastrosa não perdure e nem se prolifere no seio da igreja, contaminando os demais.

A igreja de morrer e nascer de novo para aprender a ser zelosa pelos seus, a ponto de não haver entre os cristãos quem necessite de algo.

Pelo contrario, que nisso haja abastança para socorrer os de fora dando assim um sentido para a igreja ainda viver aqui na terra.

E finalmente a igreja tem que morrer e nascer de novo para viver para Deus.

E viver para Deus significa continuar a obra de Cristo. Significa ser igreja de verdade, fazendo a diferença aqui na terra.

Viver para Deus significa viver para fazer a Sua vontade, da maneira que Ele ordenar para que Seu nome seja glorificado.

Viver para Deus significa viver para glorificar o nome de Deus em todos os momentos e em todos os lugares.

Viver para Deus significa ser Igreja. E ser igreja significa viver para Deus.
“Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus”. Rom 6:10
By Presbitero Fabricio Canalis

A Igreja tem que morrer ( parte 2 )



“...e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus. E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas, agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis...” Colossenses 1:20 a 22


Ao ser crucificado Cristo expôs toda potestade e principado envergonhando-os. A igreja adora usar essa frase para dar uma conotação de que a batalha espiritual foi vencida, os demônios derrotados e o Diabo humilhado.

Mas principados e potestades são domínios humanos e não espirituais. Pois no Reino espiritual não há principado, nem potestades, nem demônios, ou um ser Diabo que domina as trevas.

A verdade é que Jesus é Senhor absoluto! Tanto de luz, de trevas, de anjos, de humanos, do bem, do mal.

Quer dizer que Jesus é o Senhor das trevas e do mal então?
Sim! A bíblia diz que sim!

I Coríntios 8: 5 e 6 “Porque, ainda que há também alguns que se chamem deuses, quer no céu ou sobre a terra, como há muitos deuses e muitos senhores, todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele”.

E em corintios 15:27 diz: “Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos pés. E, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, certamente, exclui aquele que tudo lhe subordinou”.

Agora se todas as coisas estão subordinadas a Cristo, o que sobrou a outros?
Nada! Esse texto deixa bem claro que Cristo é senhor absoluto de tudo.

Não havendo então outros senhores que se equiparem ou se comparem a ele.

Mas o que então foi humilhado e exposto lá na cruz?

Toda a sabedoria e justiça humanas que não souberam reconhecer o justo sofrendo a pena de malfeitor.

“...e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz”. Colossenses 2:15

Todo principado (governo) humano, e toda sabedoria, senso de justiça e conhecimento de Deus, foram expostos e humilhados publicamente, quando o Filho de Deus foi confundido e morto como um bandido da pior extirpe.

Jesus não foi envergonhado na cruz, mas sim os governos (principados), lideres políticos e espirituais da época (potestades) que não puderam, apesar de toda sua pompa, sabedoria e autoridade, reconhecer o justo sendo castigado na morte pela cruz. Essa é a grande vergonha!

Por isso a igreja tem que morrer. Pois não há como ter esse discernimento espiritual se não vir de Deus.

E Deus só dispensa seu Espírito a quem nasceu de novo. Mas para nascer de novo, deve antes morrer para toda sabedoria e concupiscência carnal.

Morrer para deixar de fazer parte desse sistema corrompido pelo pecado. Crucificando esse mundo de ardil carnal em favor do novo nascimento espiritual.

“Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo.
Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura”. Gálatas 6:14 e 15.

A igreja tem que morrer para saber discernir o certo do errado, num mundo de sutilezas malignas e para que possa produzir frutos de uma igreja regenerada.

Por exemplo: qual o papel da igreja diante das misérias humanas, das mazelas da natureza, e do sistema político-social corrompido?

Não seria fazer a diferença?
E é o que tem acontecido?

Ou algumas igrejas ainda se somam ao gigante sistema capitalista cruel e grande incentivador da classe burguesa em detrimento das classes menos favorecidas.

As igrejas hoje, muitas delas, desfocaram do alvo principal (os marginalizados, fracos e oprimidos) para favorecer os que têm privilégios políticos, riquezas, “status” de pessoa importante.

E quando olham para os esquecidos, não é com outro motivo senão multiplicar-lhes as mazelas, tirando deles até o pouco que tem. E o pior usando para tal, o nome santo de Jesus, que morreu por estes pequeninos.

É vergonhoso para a igreja se encontrar nessa situação tão deplorável.
Vejamos esse texto em Apocalipse capitulo 3 versos 14 a 19:

“Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!

Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.

Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.

Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te”.

Impressionante como esse texto fala tão claramente a um grande número de igrejas da atualidade! E a igreja só encontrará o ouro refinado, vestiduras brancas, e colírio para que possa ver se for de encontro à cruz de Cristo.

Somente através de um novo nascimento isso é possível. Quantas pessoas há que tem cargos importantes na igreja, são até mesmo pastores, mas não fazem parte da nova criação de Deus.

Afinal isso tanto é verdade que a carta acima é endereçada ao pastor da igreja. E vemos também no texto a seguir:

“Estes, porém, quanto a tudo o que não entendem, difamam; e, quanto a tudo o que compreendem por instinto natural, como brutos sem razão, até nessas coisas se corrompem.

Ai deles! Porque prosseguiram pelo caminho de Caim, e, movidos de ganância, se precipitaram no erro de Balaão, e pereceram na revolta de Corá.

Estes homens são como rochas submersas, em vossas festas de fraternidade, banqueteando-se juntos sem qualquer recato, pastores que a si mesmos se apascentam; nuvens sem água impelidas pelos ventos;

árvores em plena estação dos frutos, destes desprovidas, duplamente mortas, desarraigadas; ondas bravias do mar, que espumam as suas próprias sujidades; estrelas errantes, para as quais tem sido guardada a negridão das trevas, para sempre”. Judas 1: 10 a 13.

A igreja tem que morrer e nascer de novo para poder combater esses engodos servos de satanás, através de uma pregação idônea e prática do evangelho de Jesus.

Através de ações incisivas e amorosas a quem delas necessitam. Ao invés de mostrar uma igreja de poder em manifestar sinais e prodígios, mostrar uma igreja capaz de se compadecer e socorrer os necessitados.

Pois esse é o maior sinal que a igreja poderia fazer. Se tornar uma instituição indispensável para a manutenção da vida, ordem, e paz na terra.

Uma igreja santa, irrepreensível, unida, justa e trabalhadora.

Uma igreja capaz de manifestar a justiça divina, amar, dar em vez de receber.

Uma igreja capaz de mostrar na vivência dos seus membros a graça restauradora e niveladora de Cristo.

Pois em Cristo não há “judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gálatas 3:28).
By Presbitero Fabricio Canalis

A Igreja tem que morrer ( parte 1 )


“Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram”. 2 Corintios 5:14

Muitos já ouviram dizer que Cristo morreu na cruz, para que nós não precisássemos morrer.

De certa forma isto está correto, pois fisicamente ninguém mais precisa ser crucificado ou morto para pagar seus pecados. O sacrifício já foi feito por Jesus e bem feito, pois se encerrou nele toda forma alternativa de expiação de pecados.

Mas, no âmbito espiritual não é assim. Se Cristo morreu na carne em nosso lugar nos poupando dessa terrível morte, a cruz tem uma função espiritual.

Pois, todos têm que passar por ela. Cravando nela o espírito mundano, egoísta, egocêntrico, todo um modo de ver, sentir, pensar e agir pautado pelo sistema corrompido pelo pecado no qual vivíamos antes da cruz.

Se não formos para a cruz e não deixarmos cravado nela o “eu terreno”, o "eu espiritual" nunca nascerá. Afinal o próprio Jesus disse: “... Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (João 3:3).


Vamos examinar mais detalhadamente este texto de João capitulo 3: 1 a 7, no qual está escrito:

“1 Havia, entre os fariseus, um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus.

2 Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele.

3 A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.

4 Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?

5 Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus.

6 O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito.
7 Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo”.

Muito bem! Transcrito o texto vamos examiná-lo detalhadamente.
Nicodemos é um judeu de grande importância e renome, assim como a igreja de hoje.

Mas não sabe o que significa nascer de novo, assim como a igreja de hoje. Então Nicodemos pergunta: "como pode um homem voltar ao ventre e nascer segunda vez?" No que acode Jesus: "o que é carne é carne". Ou seja, você já nasceu da água, quando nasceu.

Pois, na placenta fica envolto em líquidos amnióticos e quando ela se rompe e nasce a criança, acontece o primeiro batismo.

O batismo do nascimento carnal se dá no ato do nascimento celebrando a vida da carne que acaba de acontecer. É o milagre da vida. É a carne ganhando o primeiro sopro de vida o Ruah de Deus e portanto é alma vivente.

Mas se já houve o nascimento da água, falta agora o novo nascimento. O nascimento do Espírito. É desse nascimento que Jesus fala a Nicodemos. E aí meus queridos... só indo para a cruz.

Ao morrer na cruz Cristo não nos isentou dela, mas nos deu o exemplo. Mostrou-nos o caminho, sendo ele próprio o primeiro a morrer e ressuscitar. Só há uma maneira de nascer de novo: morrendo na cruz seguindo o exemplo de Cristo.

Deixando lá toda nossa natureza mundana, carnal e terrena. Vamos analisar Romanos 6.

“3 Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte?

4 Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida.

5 Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição,

6 sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos;

7 porquanto quem morreu está justificado do pecado”.

Ora o batismo de Cristo já não é mais batismo de água, e sim batismo de cruz. Pois o batismo de água significa vida carnal, mas o de cruz; morte da concupiscência carnal para ter acesso à vida espiritual.

Portanto o batismo de Cristo é batismo de morte da carne, porquanto quem morreu está justificado, quem não morreu...

Por isso digo a igreja tem que morrer!

A igreja tem que passar pela cruz de Cristo. E isso não acontece! Ao contrário! Só se fala de boa vida, de coisas terrenas como: prosperidade, imunidade a doenças, vitória, mais que vencedores, cabeça e não cauda, entre outros chavões bíblicos e evangélicos que todos já ouvimos inúmeras vezes.

Mas ninguém fala de morte e morte de cruz.

Ninguém quer saber de morte de cruz. Só das bênçãos, maravilhas e sinais. Por isso tantas igrejas cheias de gente desesperada por sinais sendo enganadas e roubadas por homens que falam cheios de sabedoria carnal que enriquecem a custa de ignorantes. Em 1ª Coríntios capitulo 1 e versos 17 e 18 diz o seguinte:

“Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho; não com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de Cristo. Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus”.

Não é o que acontece hoje? Isso não é novidade! Paulo já advertia o povo de Corinto quanto à busca dos judeus por sinais e a busca dos gregos por sabedoria. Mas nenhuma coisa nem outra se podem ter sem passar pela cruz de Cristo.

E homens com sabedoria carnal tiram proveito disso para pilhar e saquear esse povo sedento.

No livro de Filipensses capitulo 3, versos 18 e 19 consta o seguinte:

Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo.

O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas.

Outras pessoas dão tanta importância a quantidade de água e formas (aspersão, efusão ou imersão) do batismo que figura a morte e ressurreição em Cristo, mas nenhuma importância dão a cruz.

Inclusive o símbolo do cristianismo protestante é a cruz vazia. Quando na verdade ela não deveria estar. E também não deveria ter a figura de Jesus nela pregada. Mas na cruz deve estar o nosso eu.

Cada um de nós deve ver a si próprio na cruz. E não só ver, mas entregar a si próprio sempre que se fizer necessário. Jesus disse: “E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo” .Lc 14:27

Jesus diz que aquele que não tomar sua cruz seguir seu exemplo, não pode ser seu discípulo. “Seguir após mim” tem o sentido de seguir o exemplo, seguir pelo mesmo caminho. E o caminho que Jesus seguiu o levou a morte de cruz. Não está claro isso?

“...a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz”. Filipensses 2:8

Todo o escrito que era contra nós foi cravado na cruz. É como se Cristo tivesse comprado o bilhete de entrada e deixado na portaria. Ao chegarmos à cruz veremos nosso escrito de divida lá. Pago!

Portanto só resta entregar a ela o homem carnal (no sentido de escravo da concupiscência carnal), para que o espiritual possa nascer.

“...tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz” ;Colocensses 2:14

“E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”. 2 Corintios 5:15
By Presbitero Fabricio Canalis