segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Vencer o mundo




“Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo; a nossa fé." (I João 5:4)

Uma interpretação errônea desse texto trouxe muita desgraça para a humanidade.
Como alguém pode pensar que Deus criou algo que odeia e que quer que também nós odiemos e ainda nos deixa trancados nele sem possibilidades de sair? E nos deixa ver um monte de coisas dizendo que isso e aquilo e aqueloutro é pecado. Olhe, mas não toque.
Isso não é coisa de um deus verdadeiro! É coisa de um ser demente e que tem seguidores loucos e masoquistas.

Deus é Deus de amor, e criou tudo com amor e ama tudo e toda a criação sem exceção. Como Deus pode não amar o mundo criado por ele? E como pode pedir que nós o odiemos também?

A Bíblia não se refere no texto acima como o mundo criado por Deus, com flores, animais, chuva e etc. Mas, sim a situação em que se encontra o mundo depois que o homem o entregou a corrupção.

O mundo que devemos vencer não é o mundo criado. E sim o sistema corrupto e corruptor em que se tornou. Por amar o mundo e toda a criação é que Deus espera que cumpramos o papel que nos cabe como igreja amenizando o sofrimento de toda a criação divina.

Vencer o mundo não é distanciar-se dos amigos “que estão no mundo”, nem não se misturar com o mundo. Nem parar de ouvir música do mundo, ou de ir a uma lanchonete ou a balada com a família ou namorada.
É justamente nesses lugares mostrar que é possível se divertir sem corromper-se com o sistema mundano. É dizer não às drogas, ao cigarro, é não encher a cara de bebida e depois bater com o carro desgraçando a própria vida e de outras famílias.

É ter compromisso com a vida. Seja própria ou com a alheia. É ter compromisso com a natureza. É evitar o desperdício da água, que tem importância incomensurável, pois sustenta toda a vida no planeta.

Enquanto pessoas não raspam as pernas, não cortam os cabelos, não comem carne de porco, não vestem calção, nem se divertem num bom joguinho de futebol, e nem assistem televisão, tudo isso achando que estão cumprindo o texto acima, se desviando do mundo e acham que o estão vencendo pela fé. O sistema mundano continua sem conhecer a Cristo. E as pessoas que esperam um bom exemplo, ou o mesmo agir de Cristo nos crentes, ficam cada vez mais resistentes, e com razão, ao evangelho pregado.

Pois esse evangelho pregado com palavras é verdadeiro, mas, não é entendido e vivido pelos que o pregam. Na verdade agem totalmente em contrário desfazendo tudo o que foi dito.

Ora, a vitória que vence o mundo não é essa separação, ou o ódio ao mundo. Mas sim a nossa fé. O próprio texto nos diz isso. E essa fé não diz respeito a qual denominação pertencemos ou a doutrina de tal igreja.

A fé que o texto se refere é a fé salvífica de Cristo em nós. Que nos faz agir em favor do mundo criado por Jesus e que ele mesmo se entregou a morrer por amor ao mundo, conforme escrito em João capitulo 3 verso 16. O mundo que deve ser vencido é o mundo caído pelo pecado do homem e toda a desgraça que veio com a queda. E esse combate tem que ser encarado com muita fé. A fé que é conseqüência da fé salvífica de Cristo em nós.

Assim como uma fé inoperante é morta, também é vencida pelo mundo caído. Todo aquele que não entende e não encara essa responsabilidade, está sendo vencido pelo mundo. Não importa tudo de que tem aberto mão. Não importa o quanto tem se esforçado para ser diferente do mundo, ou não se misturar com ele. Não importa o quanto do mundo tem renunciado. É cada vez mais derrotado pelo mundo e nem pode contar com sua própria salvação, segundo nos diz Tiago no capitulo 2 e os versos que transcrevo abaixo:

“14 Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?
15 Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano,
16 e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso?
17 Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta.
18 Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé”.

A mesma Bíblia que traz o texto tema desse comentário, é que pergunta: “14 Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?”
O que responder diante disso? O que esses que geralmente são hipócritas, legalistas, que se excluem do dever e da responsabilidade de trabalhar para transformar o mundo, respondem a esse questionamento bíblico? Essa parte da bíblia não é entendida?

Parece-me que os que nada querem fazer, nem ter a responsabilidade sobre o que de ruim acontece no mundo, se escondem atrás dos erros alheios para que não se perceba sua inoperância.

A vitória que vence o mundo não é a separação ou segregação, mas sim a fé que nos possibilita entrar com toda a nossa alma no mundo e modifica-lo, transforma-lo na força do Espírito Santo. Assim seremos vencedores, e faremos parte da vitória completa de Jesus Cristo.

By Presbítero Fabricio Canalis

A ressurreição de Lázaro


"Então ordenou Jesus: Tirai a pedra. Disse-lhe Marta irmã do morto: Senhor, já cheira mal, porque já é de quatro dias.
Respondeu-lhe Jesus: Não te disse eu se creres verás a glória de Deus?
Tiraram, então, a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o céu disse: Pai graças te dou porque me ouviste.
Aliás, eu sabia que sempre me ouves, mas assim falei por causa da multidão presente, para que creiam que tu me enviaste.
E, tendo dito isto, clamou em alta voz: Lázaro vem para fora.
Saiu aquele que estivera morto, tendo os pés e as mãos ligados com ataduras, e o rosto envolto num lenço. Então lhes ordenou Jesus: Desatai-o, e deixai-o ir." João, 11: 39-46

Jesus se arrisca em ser apedrejado pelos judeus e volta para a Judéia, para ressuscitar a Lázaro. Dizer que se arriscou talvez não seja apropriado, pois, sabia que a hora de seu calvário ainda não havia chegado. Nessa fé, ele retorna a cidade onde antes fora aviltado, com um intuito maior que era a manifestação do Reino de Deus aos homens, tanto aos seus discípulos, quanto a todos quantos pudessem vir saber de tal sinal.

Isso me faz pensar que quando temos um objetivo firme e sabemos da tarefa que nos cabe cumprir aqui na terra, a morte perde seu efeito aterrorizante sobre nós. O medo dela perde a razão de ser.

Demonstrando amor e sua humanidade, Jesus chora a morte de seu amigo Lázaro. Agora, por que iria Jesus chorar por algo que poderia e iria facilmente reverter? Porque é humano e sente profundamente em seu íntimo o sofrimento humano. Não só pelo fato de ser humano, mas pelo amor que sente pela humanidade. Ao contemplar o sofrimento das pessoas que amavam a Lazaro e também por conhecê-lo e amá-lo, e por saber de tudo o que Lazaro significava para aquelas pessoas e comunidade local, Jesus tenha chorado sua perda momentânea. Mas a verdade é que nunca saberemos. Somente Jesus sabe o que sentiu naquele momento em que lágrimas rolaram por sua face em resposta a dor em sua alma.

Em outra passagem a Bíblia cita que Jesus se comoveu intimamente, ou em suas entranhas, isso nada mais é que sentir aquele frio no estômago, um mal-estar que sobe para a garganta e dispara o coração, quando ouvimos alguma má noticia sobre quem amamos. Era isso que Cristo sentia sobre o sofrimento do ser humano.
Por isso resolve ir até lá para trazer Lazaro de volta a vida.

Mas, Jesus também volta para cumprir a vontade do Pai, manifestando que o Reino está presente. Que ele é o doador da vida, e é o principio de toda vida.

Jesus sofre com a morte de Lázaro, mesmo sabendo que iria fazê-lo viver em breve. Algumas pessoas insistem em dizer para alguém que acaba de perder um ente querido, que tem que ser forte, que tem que dar testemunho cristão mantendo-se frio e calmo. Mas, qual ser humano se conforma com a morte? Jesus sofreu e chorou naquele momento. Ele que iria ressuscitar a Lázaro em alguns dias. Por que não nos dão o direito de chorar, sofrer, por causa de nossa perda? E o dar testemunho cristão se resume somente em se manter calmo e conformado com a morte de um ente querido? E as outras coisas? E os outros frutos que temos que produzir como conseqüências de uma fé salvífica?

Jesus sabia que Lázaro ressuscitaria. Pois, estava em contato com o Pai, conhecia sua vontade, e tinha fé. Além de ter todo o poder na terra e nos céus e tudo estar sob sua autoridade. Tanto que sua oração não foi uma oração "de arrancar faísca do trono de Deus", mas um simples agradecimento por aquilo que Deus iria fazer ali, e pelo fato de Jesus poder glorificar o nome do Pai mais uma vez através do ato que estava prestes a fazer.

Cristo chama: Lázaro vem para fora.
E sai o que estava morto, mas, agora vivo!
Jesus trouxe novamente à vida, àquele homem a quem amava.

Neste ato Jesus nos diz a todos, de todas as eras, que no Reino do Pai a morte não existe!
O sofrimento não existe!
A dor não existe!
E que ele subiria ao Pai, mas nos deixaria aqui com a missão de continuar a obra por ele iniciada. Com seu aval e oração intercessória junto ao Pai.

Com esse exemplo nos incita a pregarmos o Reino de Deus manifestando sua glória, amenizando toda forma de sofrimento e injustiça neste mundo. E isso não depende de milagres divinos. O milagre é bem maior do que os que Jesus fazia.

É o milagre de nós mesmos nos importarmos com o sofrimento alheio, não ficando alheio a esses sofrimentos. Fazendo a parte que nos cabe.

Parar de orar para que Deus mate a fome mundial e ver que só com o desperdício de comida nos países abastados seria possível alimentar toda a população faminta do mundo. Só com os grãos que se perdem nos meios de transportes seja ferroviário ou rodoviário, além dos containeres em navios de carga, alimentariam muitas, mas, muitas pessoas e rebanhos de animais no Brasil em nossos países vizinhos.

Usar todo conhecimento a disposição do homem, para sanar as necessidades básicas em vez de criar e fabricar armamentos e máquinas de guerra de ultima geração, ou viagens espaciais que exaurem os cofres públicos e privados em milhares de milhões de dólares a cada grande projeto espacial. E quanta gente padecendo fome, doenças e injustiças sociais!

Penso se há alguma coisa que Jesus poderia ressuscitar na atualidade. E minha resposta é pronta. Sim! O compromisso da igreja para com o mundo.

Algumas igrejas dormem, outras estão mortas em suas obras e fé inoperante. As igrejas só têm fé para ver milagres. Não para fazê-los. Explico: a igreja diz ter fé para ver as maravilhas que Deus deve fazer em favor da humanidade. Mas, não tem a fé para com coragem agir por si mesma em favor da humanidade, quando na verdade é o papel dela. E não mais de Deus ou de Jesus. Nós somos corpo de Cristo.

Se há necessidade de um milagre, esse milagre é entendermos que o trabalho está em nossas mãos. E que esse trabalho foi negado aos anjos fazerem privilegiando os homens. Esse trabalho é nada mais que anunciar a Boa Nova, e não só com palavras. Mas, com ação, e fé que opere transformação de vida, e salvação de almas. Pois fé sem obras é morta, e sem fé não há salvação.

Há em mim alguma coisa que Jesus ama, mas que morreu, e precisa ser revivida?
Será que há em nós a necessidade de um avivamento? Se sim, que seja um avivamento diferente de gritos histéricos, barulhos e unções estranhas, “falaçada” em línguas que ninguém entende remetendo-nos aos dias de Babel. Mas um avivamento de amor ao próximo. De como descrito em Atos dos Apóstolos, não haver entre os da comunidade quem necessitasse de algo, pois nada era de ninguém, pois, tudo era comum a todos.

Ressuscita Senhor em sua igreja o desejo de te louvar, de trabalhar amando e servindo ao próximo, de te servir, de te amar, de amar aos irmãos.

O que mais pediríamos ao Senhor?
Talvez uma fé operante, a obediência, a humildade, a vontade de agir mais, a fidelidade a Bíblia, distância do comodismo em que se encontra a igreja atual?

Não sei o que você pediria. Sei o que eu preciso pedir perdão pela inoperância da igreja diante de tantas dores e mortes neste mundo. E vou fazê-lo, crendo que o Senhor já nos perdoou e espera pacientemente pelo dia em que nos coloquemos em pés para ser corpo de Cristo verdadeiramente.

By Presbítero Fabricio Canalis

sábado, 2 de agosto de 2008

A oração do "Pai Nosso"


"Portanto, vós orareis assim: Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino, faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação; mas, livra-nos do mal [ pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém.]" Mateus, 6: 9-13

Ao ler este texto ou meditar nesta oração, me vem à mente o seguinte:
Sabemos o que temos orado?
Entendemos o significado desta oração?
Será que não estamos simplesmente apenas balbuciando palavras sem sentido quando pronunciamos tal oração?

Não é possível fazer com sinceridade esta oração sem que nada mude em nossa vida.
Talvez a oração do "Pai Nosso" saia dos nossos lábios como o Senhor nos ensinou, mas, no coração tenha outro sentido. E em vez de orarmos a oração que o Senhor nos ensinou, fazemos a oração que o pecado nos ensina.

Algo como:
"Pai meu, que estais bem longe lá no céu;" Pois revelo, com meus atos, todo o egoísmo e a falta do sentimento de irmandade desejado, e ensinado por Cristo. Bem longe lá no céu; porque não tenho manifestado, ou demonstrado a presença de Deus em mim através de minha falta de caridade.

"Santificado seja o teu nome por ti próprio"; Porque às vezes não estou nem a fim de santificá-lo, pois implica em ser para a glória de Deus e glorificá-lo em todos os instantes. E meu ego como fica?

Venha o teu reino e seja feita a tua vontade, desde que não me incomode, e não ameace o meu domínio sobre mim mesmo. Pois existem coisas que não quero deixar de fazer, e não me agrada a idéia de não ser "dono de mim". E a tua vontade pode ser feita somente quando não for contrária à minha.

O pão meu de cada dia, dá-me hoje, amanhã, e todos os dias, e os outros que se virem para arrumar o seu sustento. Porque não me preocupo realmente se os outros tem ou não comida. E de preferência, que não venham me incomodar os pedintes que não tem o que comer. Pois só aparecem para incomodar e nas horas impróprias: como nas horas das refeições por exemplo.

Perdoa as minhas dívidas e erros, pois o Senhor sabe que não fiz por mal; e faça com que os meus devedores me paguem, e sofram muito os que me ofenderam. Pois onde já se viu fazerem contra o que fizeram, vão ter que pagar, estão pensando o que?!

E pode me deixar cair em algumas "deliciosas tentações", aquelas que o Senhor sabe que gosto, que ficam ocultas bem no fundinho do meu coração, mas, livra-me do mal, (credo, eu ein!)!

Pois, com a "cara de pau" ainda tenho coragem de dizer, teu é o reino, o poder e a glória para sempre."

Não quero escandalizar, mas fazer com que pensemos realmente, se nosso coração não ora diferente.
Pois Deus sonda os corações, e sabe qual oração que temos lá.
Não adianta falar uma coisa, e Deus estar vendo outra coisa dentro de nós.

Meditemos nisso, com sinceridade, e oremos para que Deus mude o nosso coração, caso seja necessário, dando um coração puro e sincero.
A ponto de não somente lançar palavras ao vento e oramos como o pecado em nós nos impele. Mas orar como o Senhor nos ensinou produzindo em nós os frutos que o Ele desejou ao nos ensiná-la.

By Presbítero Fabrício Canalis

A nossa cruz de cada dia




"Dizia a todos: Se alguém quer vir a mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me." Lucas, 9:23


O contexto desse versículo não é agüentar as tristezas do mundo, ou o marido beberrão, a esposa preguiçosa, os irmãos da igreja que nos magoam, o pneu do carro que furou a caminho da igreja ou outra desgraça qualquer que povoam o imaginário popular.

É nada mais que, negar-se a ser "dono de si".
É matar crucificado todos os dias o EU.
É estar nas mãos do Senhor e entender esse senhorio.
É passar pela cruz todos os nossos desejos, todos os dias, para que sejamos cheios da vontade de Deus.
É colocar a nossa vontade debaixo da vontade de Deus.
É ser vivificado pelo Espírito de Deus, enquanto morremos com Jesus na Cruz.
É ressuscitar com Cristo, tendo tanto desejo pelo pecado quanto um morto deseja algo.

O seguir a Cristo, é carregar cada um a sua cruz sabendo que isso é estar pronto a cravar nela todo e qualquer desejo de manifestação da concupiscência carnal que por ventura tente seduzir-nos.

Carregar a cruz não significa sofrer o peso da mesma, mas sim levar consigo uma arma de defesa para quando os desejos da velha criatura aflorarem serem imediatamente pregados no madeiro.

Carregar a cruz é lembrar a todo instante do seu real significado para toda a raça humana e todo o cosmos, não dando voz a sedução que nosso primeiro pai sujeitou toda a criação.

Um dia ouvi, ou li em algum lugar a estória descrevo a seguir:

"Havia um homem que estava reclamando muito em suas orações, que sua cruz era pesada demais.
Um dia, veio-lhe um anjo dizendo que Deus havia permitido que ele trocasse sua cruz por outra que lhe agradasse.

Então o anjo o levou a uma sala onde havia muitas cruzes, de todos os tamanhos, medidas e formas.
O homem então deixou a sua cruz num canto perto da porta de entrada daquela sala e começou a procurar uma que lhe servisse.

Encontrou uma cruz bem pequena deitada no chão, e achou que ela seria a ideal. Mas, ao tentar levantá-la não conseguia, pois era tão pesada que parecia estar fundida ao chão.
Tentou uma outra, que parecia mais leve, mas também não deu certo, era muito difícil de levar.

E assim experimentou muitas, de diversas formas e tamanhos até que encontrou uma que não era tão pesada, nem muito grande. Era perfeita!
O homem alegre, disse ao anjo: Encontrei! É essa que eu quero! E teve a aprovação do anjo, ficando com a tal cruz.
O anjo então disse ao Senhor: Os humanos são tão engraçados! Esse homem por exemplo, reclamava tanto de sua cruz, quando teve oportunidade de trocá-la por outra, escolheu, escolheu, e dentre todas as cruzes acabou pegando a sua própria."

Essa ilustração mostra que é possível para nós entregarmos à cruz nossa concupiscência.
O "EU" que devemos crucificar com Cristo, que parece imortal, se torna nada por causa da morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Ele nos ajuda e nos dá forças para não só carregar a cruz, mas para passar por ela nossa “nostalgia pela terra do Egito”.
E para depositar aos pés dela, todo o "eu" para ter Cristo como Senhor absoluto.

O exemplo de João Batista nos inspira: convém que Cristo cresça mais e mais e que diminua eu mais e mais.

By Presbítero Fabrício Canalis

Às vezes somos Jonas


"Veio a palavra do Senhor a Jonas, filho de Amitai, dizendo: Dispõe-te, vai a grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim.
Jonas se dispôs, mas para fugir da presença do Senhor para Társis; e tendo descido a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem, e embarcou nele, para ir com eles para Társis, para longe da presença do Senhor." Jonas, 1: 1-3


Jonas talvez não soubesse que, é impossível fugir de diante da face do Senhor. Tenta fugir, entra em um barco, mas o Senhor segue a Jonas. O barco é atacado pelas ondas e tempestades no mar, a ponto de quase despedaçar-se. Enquanto isso Jonas estava deitado dormindo no porão. O barco segue à mercê da tempestade, e os homens começam a lançar no mar toda a carga tentando aliviar o peso do navio, para evitar o naufrágio. Logo se descobre que Jonas é o causador de tudo isso, e é lançado no mar que se acalma imediatamente.

Por causa de Jonas, toda uma carga foi perdida, um navio quase foi a pique, e pessoas passaram momentos de medo e pânico. Isso mostra que é muito mal para a nossa saúde, fugir do Senhor. Não se pode esconder dele, ele está em todo lugar.

Às vezes nos encontramos em situação semelhante, porque estamos querendo fugir do Senhor, fugir do que ele quer para a nossa vida. Parece um pouco de prepotência de Deus, mas o fato é que ele sabe o que é melhor para nós e tem um plano para cada um. Um plano que é perfeito, e maravilhoso. Mas quando nos desviamos e nos colocamos a fugir desse plano, estamos por nossa própria conta, suscetíveis às tempestades da vida que são muito intensas e ruins para os fugitivos do Senhor.

Sem mencionar o medo que sentimos, quando estamos longe de Deus. O sentimento de culpa, vontade de morrer, depressão etc. Somos alvo preferido pelo inimigo de nossas almas, pois nos vê como ovelhas andando longe da segurança do aprisco e do pastor. É claro que Deus nunca nos desampara. Ele sempre está velando pelos seus para que nenhum de nós se perca. Mas permite que certas coisas aconteçam para nos trazer de volta a ele.

Não creio que Deus se revolte conosco e nos faça sofrer porque nos desviamos dele. Mas, simplesmente amargamos derrotas, sofrimentos e aflições, por estarmos longe.

Comparo isso com um cãozinho de estimação que está acostumado a ter a comida todos os dias, de boa qualidade e na hora certa, sem fazer muito esforço para tê-la. Mas, um dia vê o portão aberto e sai para a rua. O dono fica muito triste porque seu cãozinho saiu e se perdeu. O animal anda pelas ruas, à procura de comida e água. Quando encontra é de péssima qualidade e até estragada e a água é lama para beber. Passa frio durante à noite pois já não tem o abrigo quentinho preparado pelo seu dono para ele.

Mas um dia, o dono sai pelas ruas a procurá-lo, o encontra e o chama. O animal ouve sua voz e vem correndo alegre, pois o reconheceu. Então os dois vão para casa. O cãozinho é limpo, perfumado, cuidado, desverminado, e volta viver tranqüilo junto com o seu amado dono.
Agora já não há falta de alimento, nem o frio o castiga, pois está no conforto e na segurança do lar, preparado para ele.

Assim também nós saímos pelo portão aberto, da liberdade que Deus nos dá, e às vezes não encontramos o caminho de volta antes de sofrermos às intempéries da vida. Mas, graças a Deus, ele está sempre a nos esperar, e preparado para cuidar de nós, de nossos ferimentos e nos colocar de volta no centro de sua vontade.

By Presbítero Fabrício Canalis

Fora de Deus não há salvação.

“E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos." Atos, 4:12

Há no coração do homem incrustado o desejo genuíno de ser salvo. De ter seus erros, suas maldades e pecados perdoados e esquecidos.

Isso faz com que muitos corram atrás do prejuízo com tal ansiedade que acabam por enredar-se em caminhos contrários da salvação. Clamam a homens e mulheres que já morreram, espíritos mais "iluminados".
E há pessoas que acreditam que possam livrar-se dos seus erros e pecados reencarnando, reencarnando, reencarnando... Outros até mesmo inventam meios de serem salvos.

Uns pensam que Buda pode salvá-los. E os seguidores de Kardec esperam em sua doutrina anti-bíblica a recompensa de terem sido bons em alguma vida que viveram.
E há ainda os vão em terreiros de quimbanda, umbanda, macumba, atrás de benefícios, vinganças, passes, descarregos, o que nem sempre é barato.

As bruxas voltaram à moda. Os homens estão adorando as criaturas em vez do Criador, exemplos: os anjos, os homens e as mulheres, que passaram por essa terra, que estão sendo adorados como deuses. Sem falar nos gnomos, fadas, e tantas outras besteiras.

Há também os que fazem sacrifícios, jejuns, e até mesmo punem-se de modo que terminam todos cortados e chicoteados na busca por sua remissão.


Mas, o que diz a Bíblia?

A religiosidade e a salvação.

Em Marcos 10: 17-22 está um exemplo de religiosidade improdutiva. Como veremos:

“E, pondo Jesus a caminho, correu um homem a seu encontro e, ajoelhando-se perguntou-lhe: Bom mestre, que farei para herdar a vida eterna?
Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um só, que é Deus.

Sabes os mandamentos: Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, não defraudarás ninguém, honra teu pai e tua mãe?
Então ele respondeu: Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude.

Mas Jesus, fitando-o, o amou e disse: Só uma cousa te falta: vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; então vem e segue-me.
Ele, porém, contrariado com esta palavra, retirou-se triste, porque era dono de muitas propriedades."

Jesus está ensinando uma importante lição aqui. Há muita gente que acha que pode ganhar a salvação porque conhece a lei, porque freqüenta uma igreja, porque é religioso.

Mas vemos que esse homem tinha muita coisa a seu favor. Era religioso, conhecia os mandamentos e os observava, (que tem o sentido de cumprir) como ele próprio disse.
Mas, quando Jesus lhe pediu que vendesse tudo o que possuía e entregasse aos pobres, entristeceu-se e foi embora.

A Bíblia diz que "onde está o teu tesouro aí está também o teu coração.” (Mateus 6:21)
O tesouro e o coração desse homem estavam nas suas riquezas. Tanto que não foi capaz de se desfazer dele para seguir ao Senhor, tendo tesouro maior no céu.

Não que a Bíblia ou Deus condenem a riqueza. Mas condenável é o amor excessivo a ela, ou o seu uso irresponsável enquanto muitos passam necessidades vivendo uma vida subumana.

A sua religiosidade, o conhecer a lei, e o prostrar-se diante do Senhor para com ele falar, não lhe garantiram salvação. Pois Jesus não queria simplesmente seu dinheiro, mas sim toda a vida dele, e o seu coração cativo ao Deus verdadeiro em vez de Mammom “deus das riquezas”.

E agora cito um homem que muito admiro: “A igreja pode se inimizar com os poderosos, mas não pode escandalizar e fazer sofrer os pobres, porque então ela estará traindo diretamente a herança de Jesus. E quem tiver tal prática, pouco importa sua pretensa aura de santidade, terá de responder seriamente diante do juízo de Deus”. (Leonard Boff; Homem Satã ou Anjo Bom? Ed. Record.2008)

A igreja não pode se dobrar diante de Mammom ou de seus legítimos representantes (as riquezas e os ricos e poderosos). Pelo contrario! De alguma forma deve fazer com que haja uma redistribuição de renda, de modo que (utopicamente falando) não haja mais quem tenha necessidades que não lhe sejam supridas pelos que se denominam cristãos.

A igreja não deve se inimizar dos ricos e poderosos. Mas ensiná-los, dando exemplos de como se deve administrar riquezas de modo a suprir a carência dos menos favorecidos, desfazendo assim uma das injustiças que jazem neste sistema de corrupção do ser humano natural.

Tudo isso deveria se dar no próprio contexto e comunidade em que a igreja esteja inserida. De que adianta enviar missionários para o outro lado do planeta, se o meio em a igreja se encontra (seu entorno) continua sendo esmagado pelo sistema mundano corrompido pelo pecado, sem que esta não faça nenhuma diferença?

Lembrando também de que há muitos evangélicos necessitando do verdadeiro evangelho da salvação para serem libertos do emaranhado em que líderes inescrupulosos os mantêm à custa da falta de conhecimento da Palavra. São escravos de sacrifícios, devoções idólatras e correntes hereges, que mais os afastam da verdade libertadora pregada por Cristo e seus apóstolos, do que os abençoam.
Muitas pessoas dizendo-se cheias do Espírito Santo estão fazendo verdadeira obra para o anticristo. Muitas pessoas estão sendo enganadas.


Outro exemplo está em João 4: 16-21.
“Acudiu-lhe Jesus: Vai chama teu marido e vem cá; ao que lhe respondeu a mulher: Não tenho marido. Replicou-lhe Jesus: Bem disseste, não tenho marido; porque cinco maridos já tiveste, e esse que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade.

Senhor, disse-lhe a mulher: Vejo que tu és profeta.
Nossos pais adoravam neste monte; vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar.
Disse-lhes Jesus: Mulher, podes crer-me, que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis ao Pai.
Vós adorais o que não conheceis, nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus."

Essa mulher também tinha um senso de religião. Era religiosa (o que nada tem a ver com mudança de vida), e vinha de uma família de religiosos, pois havia aprendido com seus pais a adorar no monte.
Mas na verdade ela não conhecia a Deus, como o próprio Jesus disse; "vós adorais o que não conheceis..." E o fato de ter sido casada cinco vezes e atualmente viver com um homem não sendo este seu marido, prova-nos que a religiosidade não é suficiente para transformar nossa vida, e muito menos garantir-nos a salvação.

Somente Deus pode transformar-nos, melhorar-nos, salvar-nos, através da atuação do seu Santo Espírito, aos que entregam o comando de suas vidas a Jesus Cristo, cabeça da nova criação, crendo em seu suficiente sacrifício expiatório.

Não importa há quanto tempo estamos freqüentando uma igreja, se nascemos nela, ou se somos de família tradicional evangélico-cristã. Se não tivermos um contato, uma experiência pessoal com Jesus, e viver como pertencentes à nova criação, de nada adianta nossa religião ou religiosidade.

Não há outra maneira de ser parte da nova criação, de ser cidadão celestial (escatologicamente falando), a não ser através de Jesus Cristo.

Obras

Efésios 2: 8-9 diz: " Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras para que ninguém se glorie."

E em Romanos 11:6 está escrito: “E se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça”.

A salvação não pode ser comprada e não pode ser vendida.
Não pode ser comprada ou conquistada com boas obras, sendo nós bonzinhos e caridosos.

O ser bom e religioso, não é suficiente para garantir a "vaga lá no céu”. Mas, somente o crer no Senhor Jesus, e fazer a obra que como igreja fomos incumbidos, que é manifestar esse reino de que agora fazemos parte ao sistema mundano corrompido.

Pois para sermos salvos, Deus já fez a sua parte dando-nos "seu Filho unigênito pra que todo aquele que nele crê, não pereça mas, tenha a vida eterna."

Se crermos em Jesus, e gastarmo-nos no trabalho do reino, então o ser bom, generoso, vem como conseqüência, como fruto de um enxerto bem feito na videira verdadeira.

A conseqüência da fé salvífica de Jesus implica em; que essa mesma fé de Cristo que em nós produziu a salvação, produza agora os frutos de uma vida inundada pelo amor de Deus. Os frutos, ou seja, as obras não salvam. Mas se a salvação não produzir frutos, não é salvação. É apenas religiosidade.

“E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos." Atos, 4:12

By Presbítero Fabrício Canalis