quarta-feira, 30 de julho de 2008

A responsabilidade cósmica do ser humano (II)




“19 A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus.
20 Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou,
21 na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.
22 Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora.
23 E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo.
24 Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera?” Romanos cap. 8

Hoje li algo que está machucando muito minha alma e mudando minha vida.
Você sabia que:

Existe cerca de um bilhão e 360 milhões de quilômetros cúbicos de água na terra?
Que noventa e sete por cento são água salgada e 3% doce?
Mas somente 0,7% de toda água doce é acessível ao uso humano?
Que 60% dessa água encontram-se em apenas nove países, e que outros 80 países enfrentam escassez?
Que pouco menos de um bilhão de pessoas consome 86% da água existente, enquanto que para 1,4 bilhão ela é insuficiente? Que em 2020 serão três bilhões?

Que para dois bilhões de pessoas a água não é tratada, gerando 85 % das doenças constatáveis?
Que em 2032 presume-se que serão cinco bilhões de pessoas afetadas pela crise de água?
Que o problema não é a escassez de água, mas sua má gestão para atender às demandas humanas e dos demais seres vivos?

Que o Brasil tem 13% de toda água doce existente no planeta, com 5,4 trilhões de metros cúbicos? E que 46% dela são desperdiçados, o que daria para abastecer a França, a Bélgica, a Suíça, e o Norte da Itália?
Que diariamente morrem de sede seis mil crianças? Isso equivale a dez aviões boing que caem diariamente com a morte de todos os passageiros?
Que 18 milhões de crianças não vão à escola porque tem que buscar todos os dias água numa distancia de 5 a 10 quilômetros?

Eu sinceramente fico sem palavras diante de tal estatística. E pensar que Deus nos colocou com gestores de todo esse sistema por Ele criado. É como por a raposa para tomar conta do galinheiro!
Qual será o futuro da raça humana? Até quando vamos dormir tranqüilos sem nada fazer para mudar essas estatísticas?

Quando penso na criação que geme e suporta angústias até agora e que vive na esperança de que a própria criação seja redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus, e vejo que a redenção humana já se deu e que a coisa parou por aí. Sinto náuseas ao ser chamado ser - humano redimido pelo sangue do cordeiro.

Meu Deus! Como só acordei agora para isso?
Por que as igrejas não pregam essa responsabilidade a nós incumbida por Deus?
Seremos nós destruídos pela má gestão do meio ambiente como aconteceu com toda a civilização mesoamericana dos maias?

Devido à agressão sistemática de nosso estilo de vida destruidor, atualmente desaparece uma espécie a cada 13 minutos. E no Brasil foram extintas quatro espécies por dia nos últimos 35 anos, segundo cálculo do cientista Norman Myers.
Através dos buracos na camada de ozônio passa a radiação ultravioleta que produz câncer de pele, afeta o código genético e acelera a extinção das espécies que não conseguem se adaptar a rápida mutações.

O astrônomo Martin Rees, professor em Cambridge, diz que se as coisas continuarem nesse ritmo poderemos nos liquidar ainda neste século. Mas não por armas nucleares, mas pelo que chama de “erro biológico”.
E eu me pergunto: onde está a igreja de Cristo? E me respondo: procurando sinais e milagres, lotando as igrejas, mas só preocupados com seu próprio umbigo. E dizem: ah pastor vim buscar minha benção.
Está na hora de pensarmos: o que podemos fazer? Como contribuir para uma vida melhor e para redenção da criação? Para um planeta mais saudável?

Nossa desculpa é pensar na macroecologia. Onde seriam necessários grandes volumes de dinheiro e tempo.
Mas isso pode ser feito de modo microecológico. Como economizando água em casa ao lavar a louça. Não deixar a torneira aberta enquanto escovam-se os dentes. Não desperdiçar um bem tão precioso como a água, pois ela não pertence a um país ou empresa, ou pelo menos não deveria. É um bem da humanidade, uma vez que não existiria vida sem água.

Reciclar o lixo ou separá-lo para a coleta seletiva que algumas cidades já possuem.
Tomar cuidado com pilhas e baterias usadas, pois seus componentes químicos são verdadeiros venenos no meio ambiente.
Sinto-me culpado por lavar meu carro com água em abundância enquanto seis mil crianças morrem de sede por dia.

Essa responsabilidade para com a criação há que ser pregada com mais freqüência em nossas igrejas. Até que todos nós estejamos engajados na luta por salvar nosso planeta como conseqüência de nossa salvação.

Que Deus nos ilumine e nos ajude a entender nossa condição de “corpo de Cristo” e trabalhar já e aqui no mundo. Pois no céu os anjos não precisam de ajuda. Deve estar tudo sob controle.

E pensar que Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito para que nós pudéssemos cumprir a missão revelada no texto abaixo:

“19 A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus.
20 Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou,
21 na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.
22 Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora.
23 E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo.
24 Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera?”

Mas ainda há esperança! Pena que só esperança não basta!

By Presbítero Fabrício Canalis

Obs.: Toda parte de estatística foi retirada do livro: “Homem: Satã ou Anjo Bom? de Leonardo Boff. Ed. Record. 2008.

A alegria de sofrer por causa de Cristo.


"Chamando os apóstolos, açoitaram-nos e, ordenando-lhes que não falassem em o nome de Jesus, os soltaram.
E eles se retiraram do Sinédrio, regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome.
E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar, e de pregar Jesus, o Cristo". Atos, 5: 40-42

Naquele tempo, os apóstolos faziam muitos sinais maravilhosos em nome de Jesus. O poder de Deus estava atuante de modo maravilhoso corroborando as palavras reveladas ao povo pelos apóstolos.
Pessoas eram curadas de todo e qualquer mal. Até a sombra de Pedro produzia efeitos miraculosos.
Mas, os Escribas, Fariseus e sacerdotes, estavam furiosos e mandaram prendê-los. E quando foram buscá-los na cadeia, já não estavam mais, pois um anjo do Senhor os havia libertado. E os encontraram num templo ensinando em o nome do Senhor.
Diante do Sinédrio, Pedro continuava a dar testemunho de Cristo. A falar e a engrandecer o nome de Jesus, o Filho de Deus. O que os enfureceu e queriam matá-lo.

Gamaliel, fariseu e doutor da lei, venerado por todo o povo disse: ora irmãos, vamos nos acalmar. Pois antes deles não se levantou Teudas, dizendo ser alguém, mas, tudo acabou em nada. Também Judas, e a mesma coisa aconteceu. Por isso digo, deixe-os ir, pois se este conselho é de homens, logo se desfará, mas se for de Deus não podereis desfazê-la, para que não aconteça que serdes achados combatendo contra Deus. E concordaram com ele.
Eles foram açoitados, e ordenaram que não ensinassem mais no nome de Jesus.

Gostaria de meditar um pouco no sofrer por Cristo.

Hoje poucas são as igrejas que sofrem açoites pelo nome de Jesus.
E sabe por quê?
Porque não fazem diferença nenhuma na comunidade onde está inserida.
Não lutam pela justiça.
Não andam desafiando as leis de um mundo corrompido e caído.
E quando se sobressaem é para envergonhar-nos com a pregação de um evangelho barato, falso, feio, sacrificial, legalista e pesado. Geralmente em novelas ou programas independentes de televisão pagos pelo ouvinte crendo que estão contribuindo para a obra de Deus na terra.

É uma vergonha a doutrina divulgada pelos meio de comunicação.

O que me preocupa é justamente a paz que reina entre o sistema mundano e a igreja.
Onde estão os açoites?
Onde está a irreverência da igreja diante deste mundo caído?

Mas, quando o agir como Cristo é mais forte do que qualquer coisa torna-se um reflexo incontrolável na vida do Cristão. Isso quando o pregar ultrapassa o simples falar e trás consigo a caridade tornando-se uma coisa que nos dá prazer.

Vemos que os apóstolos não conseguiam ficar sem falar do evangelho de Cristo. Mesmo sofrendo perseguições nos mostram que tinham prazer em até sofrer na carne, o ser cristão.
Hoje em dia não são muitas as pessoas que pensam assim. Algumas tem até vergonha de falar de Jesus em público.

E de quem é a culpa?
Dos próprios cristãos talvez por mostrarem ao mundo esse modo de viver tão ridiculamente diferente do que Jesus vivia.

Temos encarado com orgulho cada desafio de ser Cristão num mundo que não conhece a Deus?
Pedro e os demais apóstolos ali, se sentiram felizes por serem merecedores de sofrer pelo nome de Cristo.
Esperemos em Deus que tenhamos a mesma alegria, a honra, de sermos dignos de sofrer por causa desse que nos amou a ponto de entregar sua vida por nós.

Hoje sofremos, mas é por motivo exatamente contrário. Por não agirmos como Deus espera.
Olhemos para a natureza e meio ambiente. O homem sofre por não ter tratado a terra como deveria.
Na segurança, sofremos por não termos dado a devida educação, atenção e tratamento digno aos que dela necessitaram.

A falta de emprego. A má distribuição de renda. A corrupção em todos os escalões da política e da vida cotidiana. Tudo isso nos coloca em um ambiente insuportável de vida. E a igreja aproveita para explorar a ignorância e a fragilidade do povo.

A igreja sofre hoje?

Não! O mundo sofre diante da inoperância e inatividade da igreja.

By Presbítero Fabrício Canalis

A unidade do corpo de Cristo


"Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz: Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos.
...até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para o outro, e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro.
Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é o cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado, pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor." Efésios, 4:1-6;13-16


O Senhor fala através desse apóstolo, sobre unidade. Sabemos que a unidade é muito importante. Jesus em sua oração no capítulo 17 de João se refere à unidade dizendo: "Que eles sejam um assim como eu e tu somos um".

O texto lido acima nos fala, entre outras coisas, de guardar a unidade no vínculo da paz.
Nossa paz tem sido abalada, por causa da falta de unidade no corpo, pela falta do serviço cristão, pela falta de amor ao próximo, por falta de amor a igreja, e por falta até mesmo de amor a Deus.

A nossa "unidade" na práxis, tem nos deixado magoados uns com os outros e dificultado a convivência pela hipocrisia de como é vivida. Muitos cristãos ainda mentem descaradamente ao cantar musicas que falem de convivência amorosa e sincera dos crentes. E ainda tem a coragem de sair do lugar e abraçar o irmão e dizer que o ama. Mas na verdade não há preocupação nenhuma com a pessoa em questão, nem está disposto a saber e se preocupar com o irmão. Que unidade é essa? Será essa unidade que Jesus queria?

Paulo nos fala de andarmos dignos da nossa vocação, da vocação em que fomos chamados. Fomos chamados para ser filhos de Deus, em primeiro lugar. E temos nos comportado como filhos rebeldes e ciumentos na maioria das vezes. Preocupados não de forma saudável com o irmão, mas de forma a invejar suas bênçãos.

Só há um corpo! Se não temos unidade entre nós mesmos, não podemos fazer parte desse corpo. Só há um Espírito e uma só fé.

A unidade só existe quando pessoas diferentes se unem em torno de um propósito comum. Esse propósito deveria ser a pregação do verdadeiro evangelho da salvação. Aquele evangelho que salva não só a alma mas também o corpo. Que o aquece, lhe mata a fome, e mais, que gera na pessoa o desejo de fazer igual ao seu próximo. Quando é tudo igual não é unidade, mas sim homogeneidade.

Outra coisa interessante é que, às vezes damos ouvidos demais a certas coisas que nos machucam, deixando que nos magoem com os irmãos. Desde que o mundo é mundo, ou melhor que o pecado entrou no mundo, há fofoca, mentira, etc. Se pararmos para dar atenção, toda vez que alguém falar que alguém falou, que fulano falou, tal coisa, não caminharemos nunca para lugar nenhum a não ser para trás.

Para crescermos em unidade também é necessário que cada um de nós amadureça individualmente. Temos que crescer, e continuar crescendo e amadurecendo. Ninguém pode estar maduro por muito tempo sob pena de apodrecer, pois o amadurecer deve ser uma constante na vida do cristão. Estamos sempre amadurecendo, crescendo, aprendendo, com Cristo e de Cristo. E isso não significa ter novas revelações, mas sim ter mente e coração abertos para o entendimento que o Espírito Santo nos capacitará a ter sobre determinado trecho das escrituras. Sempre analisando, usando todas as capacidades disponíveis aos homens, pois o Espírito sempre usará a linguagem e ferramentas que o ser humano possa compreender e usar. Caso contrário não haverá perfeita comunicação de informações. Depender do Espírito não é negar a ciência, nem as regras de hermêutica ou crer em toda a Bíblia de forma literal. É simplesmente confiar que Ele é capaz de nos guiar a toda verdade sem que nenhum dos escolhidos se perca. Isso evitará que “sejamos como meninos, agitados de um lado para o outro, e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro”.

O Espírito sempre nos pega desprevenidos em relação à verdade de Deus. Sempre nos surpreende e será sempre assim. Pois Deus é muito mais e maior do que possa imaginar nossa vã filosofia. Prova disso é que depois de milhões de anos o homem está começando a entender um pouco do universo e suas leis perfeitas.

Diante de tal conhecimento nós também temos que quebrar antigos paradigmas para obter em maior profundidade o que Deus quer nos acrescentar. É necessário mudar nosso paradigma civilizacional, deixar nascer e crescer uma “nova percepção da realidade, com novos valores, novos sonhos, nova forma de organizar os conhecimentos, novo tipo de relação social, nova forma de dialogar com a natureza, e nova maneira de entender o ser humano no conjunto dos seres”; como disse Leonardo Boff. Sem negar, (é obvio) os fundamentos da fé cristã. E assim continuar amadurecendo e crescendo "até que cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo”.

By Presbítero Fabrício Canalis

Fé!


“E ele lhe disse: Filha a tua fé te salvou; vai-te em paz e fica livre do teu mal.” Marcos cap. 5:34

Jesus estava a caminho para ver a filha de Jairo, quando dentre a multidão que o seguia, uma mulher o tocou nas suas vestes. E imediatamente ficou curada. Jesus sentindo que dele havia saído um poder curativo, perguntou quem o havia tocado. E a mulher amedrontada respondeu que tinha sido ela. Pois, cria que se somente tocasse nas vestes de Jesus seria curada. No que Jesus respondeu: Filha a tua fé te salvou.

É bem claro aqui o grande poder de Jesus. E todos sabiam do que ele era capaz de fazer pelas pessoas. E por isso uma grande multidão o seguia.

Jesus tinha em si, alguma coisa que cada um necessitava.

Notemos a mulher procurou Jesus pela sua própria saúde e veio secretamente. Talvez até intencionado roubar tal benção. Mas, o que importa é que teve o que é necessário para se alcançar a benção desejada; FÉ.
O que podemos ver na mulher:

Ela tinha uma necessidade. Ela era doente. Sofria de uma hemorragia, que há 12 anos a vinha atormentando.
Era uma mulher sofrida e desenganada. Desapontada, pois já havia procurado vários médicos, já havia gastado tudo o que possuía e caminhava cada vez para pior situação.

Mas, tinha esperança. Quando ouviu a fama de Jesus, foi procurá-lo. Ela acreditou, pois, no seu coração ainda tinha mais que esperança, tinha fé de ser curada um dia. Ela queria ser curada.
E foi procurar a Cristo. Teve um contato com o salvador. Ela buscou não só a sua benção, mas ao próprio salvador.
Ela tinha fé no seu coração a tal ponto que com a boca confessava que somente tocar as vestes de Jesus seria suficiente para ser curada.

Notamos também nesta mulher, que quando Cristo perguntou quem o havia tocado, ela tremeu de medo, pois não havia declarado a Jesus o seu problema e muito menos havia pedido a ele tal benção. (Talvez para não importuna-lo ou porque para ela não fazia a diferença. Ela não queria interrogá-lo ou perguntar a ele se desejava ou poderia curá-la.) E nesse episódio de fé, tensão e medo para ela, diante da multidão afoita por ver cada um seu problema pessoal resolvido, decidiu contar toda a verdade a Jesus.

E Cristo fica maravilhado com tamanha fé. Não que fosse uma maravilha tamanha para Jesus isso. Mas é que naquela época Cristo fazia sinais para que o povo cresse. A mulher creu antes do sinal ser feito.

Essa mulher em minha opinião deveria ser a condição da igreja Cristo hoje. Uma igreja que crê independente de sinais. E que por crer acaba recebendo de Deus graças inimagináveis ou impossíveis.

Da mesma forma como Jesus ficou maravilhado com a fé daquela mulher, deve estar indignado com a falta de fé da igreja atual, dependente total de sinais e curas miraculosas para então vir a crer. Ver igrejas lotadas de pessoas somente atrás de curas, milagres e prosperidade como no tempo dos apóstolos.

E Jesus então diz: a tua fé te salvou. Vai em paz e fica livre de teu mal. Jesus a despede com a benção da paz. E concretiza a mulher o que ela já havia recebido por meio da fé.

O que vemos em Cristo:

Ele tem a graça suficiente para cada necessidade.
Tem autoridade para operar tais maravilhas.
Tem amor por toda a humanidade, e para os que se achegam até ele pela fé.

Vemos o coração de Cristo revelado na hora em que ele não se contenta em apenas ter abençoado fisicamente a mulher, mas lhe diz: vai-te em paz. Jesus abençoa assim, também a sua alma, dando-lhe paz.

Que amor! Que graça! Que poder! Que misericórdia! Aleluia!

Jesus pode curar males antigos. Pode males recentes. Pode curar males físicos e também da alma. Deus pode todas as coisas na nossa vida.

Quantas pessoas já perderam tudo correndo atrás de macumbeiros para curar-se de algo. Ou doam bens e se sacrificam em igrejas ditas evangélicas fazendo-se merecedores para alcançar alguma graça.

Todavia nossa fé em Cristo tem que ser real independente de sinais e maravilhas.

By Presbítero Fabrício Canalis

Vinde a mim!


"Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas.
Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve". Mateus, 11:28-30


Quem não se sente cansado hoje em dia? Com toda essa correria do dia-a-dia, o trânsito estressante, os assaltos, a insegurança geral, pois tememos tanto aos bandidos quanto a polícia despreparada que atira e mata para depois averiguar.

É a competição acirrada no mercado de trabalho onde só se estabelecem “os melhores”.
A sexualidade é vivida com liberdade total revelando crimes hediondos como a pedofilia a todo o momento.
A maioria das pessoas trabalha e muito, mas o dinheiro mal dá para pagar as contas atrasadas.

Tenho a coragem de confessar que às vezes ao acordar, penso em apenas um bom motivo para continuar essa luta desleal e que me parece invencível. Sinto-me cansado. E sei que não estou sozinho. Há muitos outros como eu.

Parece que Jesus estava ditando uma carta a ser escrita e publicada tendo a mim como destinatário quando falou as palavras acima citadas. Sinto-me assim. Cansado, sobrecarregado, irritado, necessitando de alívio.

Mas como posso ser aliviado de tudo isso? O que tenho que fazer?
Sinceramente medito nessas palavras de Cristo e vejo algo maravilhoso.
Por que estamos nos sentindo assim hoje em dia?

A resposta é clara e simples. Porque nos afastamos do ideal de vida que Cristo tem para os seus.
Qual era o jugo de Cristo?
A meu ver era o mesmo que pesava sobre Paulo o apóstolo. Ele próprio disse: ai de mim se não pregar o evangelho!

Pronto está aí.
A resposta é essa.

Mas não é tão simples assim. Ele continua dizendo : e aprendei de mim porque sou manso e humilde de coração.
Bom aí complica um pouco, pois não é só sair falando do evangelho. Temos que ter algumas aulas com Jesus de como é pregar o evangelho. E o que descubro é: a idéia de pregar a boa nova da salvação que Cristo tinha em seu coração e praticava é totalmente diferente do conceito que temos hoje.

De maneira alguma Jesus admitiria uma igreja voltada para si, inchada, problemática, hipócrita e legalista, em busca de poder e sinais em vez de manifestar o amor de Deus.
Consequentemente nossa vida fora da igreja não nos anima e nem produz frutos, tornando nossa existência pura e simplesmente objetivando o correr atrás de nossos próprios interesses. Daí não há realização pessoal, a grana é sempre curta, e nunca conseguimos o que almejamos.

Jesus era manso e humilde de coração.

Primeiro estava sempre ocupado em manifestar o reino de Deus aos homens, e aceitava a provisão divina de suas necessidades. Exemplos: a miséria de pães e peixes para alimentar a multidão (e acabou sobrando), o dinheiro retirado da boca do peixe para pagar o tributo. São necessidades sendo supridas por Deus.

E como Jesus pregava a boa nova? Indo. Isso mesmo! Indo e não ficando e esperando as pessoas. Ele ia de encontro a elas, caminhava com elas, chorava com elas, comia e bebia com elas. Ou seja, não se fazia de superior (mesmo o sendo) em face das reles criaturas mortais. Pelo contrário se compadecia no seu íntimo pelas misérias humanas. E ia além disso. Fazia sempre algo para modificar a situação do seu interlocutor.

Sempre tinha lições a ensinar, amor a manifestar, algo com que pudesse agraciar a alguém. Pensava sempre no próximo em detrimento de si próprio. Tanto que o horário que tinha para si com seu Pai, era de madrugada quando todos dormiam.

Hoje, o modelo de pregação do evangelho que temos, é pesado e nada suave. Então algo está errado. Era para ser um jugo suave e fardo leve.
Nosso modelo de pregação está errado. Nossa maneira de viver o evangelho está errada. Nosso modelo de igreja está muito errado.

O jugo da pregação é suave quando traz leveza, e alivio as pessoas que ouvem. O fardo é leve quando carregamos o fardo certo. E o fardo que devemos carregar é justamente o de tirar os pesados fardos das costas das pessoas. Fardos colocados pela igreja em forma de dogmas, sacrifícios, penitências, e o mais pesado está sobre os próprios cristãos: o de não se misturar com o mundo. Neste momento me lembro de Jesus comendo e bebendo com publicanos e pecadores. Vou transcrever o texto na integra: “ 9 Partindo Jesus dali, viu um homem chamado Mateus sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu.

10 E sucedeu que, estando ele em casa, à mesa, muitos publicanos e pecadores vieram e tomaram lugares com Jesus e seus discípulos.
11 Ora, vendo isto, os fariseus perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?
12 Mas Jesus, ouvindo, disse: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes.
13 Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não sacrifícios; pois não vim chamar justos, e sim pecadores [ao arrependimento].
14 Vieram, depois, os discípulos de João e lhe perguntaram: Por que jejuamos nós, e os fariseus [muitas vezes], e teus discípulos não jejuam?”.

Como vimos não é de agora essa visão, mas já passou da hora de mudarmos isso. Afinal já se passaram mais de dois mil anos e esse paradigma ainda não foi de todo esquecido.

E a nossa vida só terá sentido quando cumprirmos o propósito que Deus nos colocou. Aí sim teremos motivos para nos levantar toda manhã. Os esforços diários valerão a pena diante de esse objetivo superior de ensinarmos a humanidade a começar a viver o reino de Deus aqui e agora. E creio que até o próprio Deus não permitirá que sintamos necessidade que Ele mesmo não venha a suprir conforme Mateus capitulo 6 transcrito abaixo:

“25 Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?
26 Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?
27 Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?
28 E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam.
29 Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.
30 Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé?
31 Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos?
32 Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas;
33 buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
34 Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal”.

A síntese de tudo isso é simplesmente: buscai, pois, em primeiro lugar, o reino de Deus e manifestar a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Queremos um fardo mais leve que esse? Ou um jugo mais suave? Por certo não há de existir plano melhor para o nosso viver. Se houvesse com toda certeza Deus nos teria dito.

By Presbítero Fabrício Canalis

terça-feira, 29 de julho de 2008

Por que estais olhando para as alturas?


“E, estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia, eis que dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles, e lhes perguntaram: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu, assim virá do modo como o vistes subir." Atos 1:10-11

Muitos ainda estão olhando extasiados a ascensão de Cristo até hoje. Estamos ainda olhando para cima cada vez mais.

Há algum tempo, li uma pregação que dizia que no escritório de certo crente, um homem de negócios, em cima da mesa havia uma placa com os dizeres: “Olhe sempre para baixo". As pessoas entravam ali e não resistiam a perguntar se não haviam sido invertidos os dizeres da placa. Se o correto não seria: olhe sempre para cima. No que o homem respondia: "depende de onde você está sentado”.

Achei muito interessante isso. Pois às vezes nos esquecemos que Cristo está nas regiões celestiais, e que nós estamos aqui fisicamente para manifestar o Reino às pessoas, mas pela fé salvífica de Cristo, de forma escatológica, estamos com Jesus nas regiões celestiais. Podemos ter, por assim dizer, uma visão privilegiada das coisas. Podemos ver todas as circunstâncias da vida, sob uma nova perspectiva. A perspectiva da ressurreição de Cristo, sendo vitorioso até mesmo sobre a morte. Tendo uma visão de vitória sobre todos os problemas, provas, dificuldades, tudo. Lição que até os apóstolos tiveram que aprender.

Olhando para o texto, vemos que os apóstolos estavam com os olhos fitos no céu enquanto Jesus subia. Estavam extasiados com aquela visão, perplexos. Isso porque estavam com o mestre já há algum tempo, acostumados a ver sinais. E mesmo assim ficaram atônitos com a visão. Eles estavam já há algum tempo olhando para cima, acredito. Foi necessário que anjos viessem tirá-los daquele transe. Para que não ficassem ali parados, mas que começassem a trabalhar para a volta do Senhor que viram subir.

Será que não nos encontramos na mesma situação dos apóstolos, parados, extasiados, contemplando a grandeza de nosso Deus e nos esquecemos que a vida continua e que temos trabalho a fazer pelo Reino?

Os anjos se colocaram ao lado deles e perguntaram: "Varões galileus, por que estais olhando para as alturas?"
Talvez estivessem dizendo: por que estão parados aí ainda? Jesus subiu para o Pai. E quanto a vocês, vos cabe trabalhar para que do modo com que subiu, volte ele e vos encontre trabalhando pelo Reino, continuando o trabalho que ele mesmo começou, e vos capacitou para fazer.

Coloquemo-nos no lugar dos apóstolos. Por que estamos ainda aqui e não subimos com o Senhor?

Somos o corpo do Senhor hoje na terra. Se ele subiu e nos deixou com a incumbência de continuarmos o trabalho por ele ensinado, não devíamos ficar parados esperando e até procurando por sinais. Quantas igrejas estão cheias de gente à procura de milagres e sinais? Os cães; pastores que a si mesmo pastoreiam, fartam suas almas com a sede do povo por sinais. Sinais estes que antes tinham o propósito de corroborar com o que lhes era revelado através dos apóstolos. Mas hoje, qual propósito tem? Se tudo já nos foi revelado através das Escrituras, de Cristo e de seu poder aos apóstolos da época.

Hoje não necessitamos mais olhar para cima. E sim para o que já nos foi revelado e cumprir a vontade do Pai, assim com o fez Jesus.
As igrejas se preocupam e manifestar “poder de deus” enquanto pessoas há que necessitam de ‘caridade’.
Há pessoas necessitadas de alimento, saber, salvação, fé, vestimenta, libertação. E a igreja o que tem feito?

Temos que lembrar que temos uma visão privilegiada das coisas. Podemos olhar sob a ótica do próprio Deus. Exagero? De forma alguma! Podemos olhar um andarilho e ver nele um anjo de Deus, em vez de ver um mendigo fétido e nojento querendo o nosso dinheiro para gastar com cachaça.

Por que não podemos aprender de Deus com a caridade a um mendigo? Queres contemplar algo maravilhoso? Se entregue à obra de Jesus e serás inundado de maravilhosas experiências reservadas somente a aquele que se dispõe a ser igreja operante e fiel. Pois tudo está à disposição daqueles que estão na obra.

Tudo o que é necessário para a execução do ide, nos foi entregue, pois Deus seria incauto e boçal se enviasse pessoas ao trabalho sem as capacitar com as ferramentas e ‘know-how’ necessários a tal execução. Portanto até os ‘dons do Espírito Santo’ ficam sem propósito se a igreja permanece olhando para o alto. Reafirmo: todo o poder que Cristo nos dispensou só tem sentido, utilidade ou por que, se estivermos comprometidos com o reino na pregação do evangelho na ‘práxis’.

Igrejas lotadas de gente a olhar para o alto. A contemplar o ócio, o nada, atraindo para si o legalismo, hipocrisia, a falsa santidade que os impede de se ‘contaminar com o mundo’.

Deixemos de contemplar o ócio, pois só encontrará pastagens o que entrar e sair pela porta que é Jesus. A pastagem está fora e não dentro da porta (da igreja). É lá fora que estão os que necessitam de nossos serviços e dedicação em amor.

E quando da volta do Senhor, que sejamos encontrados trabalhando, cumprindo o "ide".

By Presbítero Fabrício Canalis

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Servos ou senhores?


"Então Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós, será vosso servo; tal, como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos”. Mateus, 20:25-28


Disse uma vez um homem chamado Wilbur Rees: "Eu gostaria de comprar três dólares de Deus, que não chegue a fazer explodir minha alma e nem venha incomodar meu sono, mas que seja o suficiente para garantir-me um copo de leite quente e uma soneca ao sol. Não quero dEle uma quantidade tão grande que me faça amar os negros, nem colher beterrabas com os trabalhadores imigrantes. Quero êxtase, não transformação pessoal; quero calor de um ventre materno, não um novo nascimento, quero um quilo de eternidade em um saquinho de papel. Por favor, dê-me três dólares de Deus!"

A maioria das pessoas não quer um compromisso sério com Deus.
Apenas "três dólares" bastam. Apenas um pouco, nada que incomode. O suficiente para não cair nas “chamas eternas”, mas nada que venha transformar suas vidas, nada que as faça amar os negros, os pobres, as prostitutas, os dependentes químicos, nada que venha mudar seu estilo de vida, somente um pouco basta.

Necessário se faz pensar: Será que quero mesmo ser servo de Deus? Ou quero somente me aproveitar de algumas bênçãos? Quero o que Ele quer me dar, ou a minha vontade é mais importante? Será que não estou confundindo hoje os papéis de servo e senhor? Será que não estou querendo somente usar Deus, ou usufruir das suas bênçãos? Será que sem perceber não estou tratando Deus, como meu servo pessoal?

Hoje é comum ver pessoas ordenando a Deus, que faça tais e tais coisas. Outras reivindicam do Senhor tais e tais bênçãos. Ou então, outros querem ser "os primeiros", os mais importantes.
É comum querermos ser servidos. Estamos acostumados a mandar, a sermos arrogantes algumas vezes, e tentamos até mesmo mandar no Espírito Santo. Mas Jesus ensina a sermos servos, humildes, sinceros, fracos, para que Sua força atue em nós, ensina a sermos pequenos porque Ele é grandioso.

Temos um exemplo de servo pequeno, fraco e pecador (a nossos olhos claro); o apóstolo Paulo. E Deus o usou grandemente. Pois Deus o capacitava, o fazia forte, mas, por quê? Porque era servo! Tinha consciência que estava aqui para servir.

Um famoso maestro chamado Leonard Bernstein, disse certa vez: "O instrumento mais difícil de ser tocado é o segundo violino. Temos muitos primeiros violinos, mas, a dificuldade está em encontrar pessoas que queiram tocar o segundo violino com o mesmo entusiasmo de quem toca o primeiro. E o mesmo acontece com a segunda trompa, a segunda flauta. E, no entanto se não houver o segundo instrumento não haverá harmonia".

Todos queremos tanto ser "os primeiros", que acabamos perdendo a noção da importância de ser servo. Que tal olharmos para João Batista? O cara era simplesmente o pregador “da vez”. Era a noticia! Mas quando Jesus apareceu e seus discípulos o abandonaram para seguir o Cristo, o que ele fez? Ficou muito zangado e amaldiçoou o profeta pescador de aquário? Espalhou alguns boatos desqualificando Jesus? Sentiu-se extremamente enciumado e gritou para que seus seguidores voltassem sob pena de serem amaldiçoados?

Não! Simplesmente assumiu sua condição de servo. Reconheceu o mestre e se declarou indigno de desatar suas sandálias, pregou que o cordeiro santo de Deus que tira o pecado do mundo estava presente.

Onde anda a humildade dos cristãos atuais? Onde está a alegria em servir? Onde está o serviço da Igreja de Cristo? O que tem feito o braço do Senhor, a saber: sua igreja aqui na terra?

Pastores e líderes disputando entre si querendo mostrar-se grande em domínio, quem tem a igreja maior, com maior número de membros, e o mundo em total escuridão. Pois luz só há dentro das igrejas. E o que é pior: cada alma que sofre na escuridão será cobrada da igreja.

Isto tudo é típico de uma igreja doente! Igreja que não vive para servir, mas para ser servida. Servida pelo mundo, pelos dizimistas fiéis a Deus, pelo governo, e até (parece loucura mas, existe) pelo diabo. Pastores ordenam ao diabo que devolva tudo o que tirou da pessoa. Mas no entanto, não lhe dão o que é de fundamental importância...ação com amor (caridade).

A igreja só será necessária novamente se, converter-se à sua missão áurea. A de servir, como Cristo ensinou. Caso contrário está fadada a perecer sem que Deus levante um dado para socorrê-la. Será arrancada e lançada no fogo como um galho seco que só serve para ser queimado.

"Eis que o machado está posto à arvore.."

By Presbitero Fabricio Canalis

terça-feira, 22 de julho de 2008

A missão dos filhos de Deus em relação ao cosmos


“31 Quem vem das alturas certamente está acima de todos; quem vem da terra é terreno e fala da terra; quem veio do céu está acima de todos
32 e testifica o que tem visto e ouvido; contudo, ninguém aceita o seu testemunho.
33 Quem, todavia, lhe aceita o testemunho, por sua vez, certifica que Deus é verdadeiro.
34 Pois o enviado de Deus fala as palavras dele, porque Deus não dá o Espírito por medida.
35 O Pai ama ao Filho, e todas as coisas tem confiado às suas mãos.
36 Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.” (João 3. BVN)

A palavra homem deriva de humus que significa terra fecunda. Adão vem do hebraico Adam que significa criatura feita da terra. E Adam provém de Adamá que quer dizer mãe-Terra.

Partindo dessa premissa, podemos entender duas coisas importantes. Primeira: o homem e a terra são um. Segunda: Jesus e o Pai são um.

O homem tem como mãe a terra, pois dela veio, vive por meio dela e dela fará parte novamente no advento da morte física. Jesus é parte integrante do próprio Deus, pois d’Ele veio, viveu por meio d’Ele e voltou a Ele e com Ele vive eternamente.

O ser humano em sua natureza terrena não pode sequer anelar o saber ou o conhecer das coisas de natureza divina. Pois sendo humano não tem em sua essência sequer o desejo de outra coisa que não seja as de natureza terrena.

Mas se o homem tem tão forte em si essa natureza terrena, que muitas vezes usa para tentar eximir-se da culpa que traz sua concupiscência, por que não traz também com a mesma força o desejo de proteger sua mãe Terra? Por que não é latente em sua alma a responsabilidade pelo cuidado universal da criação?

Aí vem a providência divina em favor da criação, enviando Jesus Cristo, para nos mostrar como cuidar desse mundo do qual fazemos parte. A diferença é que Cristo não tem somente a natureza divina. Sendo o próprio Deus, trouxe também em si a natureza humana, pois em Jesus o Filho de Deus e o filho do homem são a mesma pessoa. O Logos, (Verbo ou Mente de Deus), manifesto em carne era igual a Deus.

No Concílio dos líderes da igreja de Calcedônia (ano 451), reforçada pela lei do Estado, ficou clara a definição de Jesus como Deus-Homem: Jesus é totalmente Deus e totalmente homem. Essas duas “naturezas” estão unidas em uma só “pessoa”, mas sem ser mudadas ou confundidas. Elas permanecem distintas, mas reúnem-se em uma só pessoa, Cristo.

Quando o Espírito Santo gerou o menino Jesus no ventre de Maria, milagrosamente, Ele uniu divindade e humanidade, que permanecem eternamente, fazendo de Cristo um intercessor competente da raça humana, pois jamais perderá sua humanidade.
Com isso o plano de Deus para a remissão de toda a criação começava a ser mostrado, ensinado e o mais importante praticado por Jesus como exemplo a nós humanos.

Após sua morte e ressurreição, Cristo deu-nos acesso a uma importante condição: a de filhos de Deus. O que era antes impossível ao homem terreno e carnal, agora se torna parte da natureza divina em nós enxertada pelo Espírito Santo. Descortinam-se aos olhos dos homens então, o conhecer a Deus e sua vontade para com a criação, mas também se torna clara a responsabilidade humana para com o cosmos.

O testemunho de Cristo continua não sendo ouvido hoje. Jesus testemunhou o amor do Pai pelo cosmos e sempre fez algo para melhorar sua situação enquanto aqui esteve. E a cada vez que isso fazia, manifestava a sua natureza divina real e verdadeira. O que de Deus se pode conhecer foi-nos revelado na criação e na pessoa de Cristo.

Qual igreja hoje entende sua missão como mão de Deus e braço do Senhor? Quem de nós sente o peso da responsabilidade de cuidar do cosmos amando-o conforme o exemplo de Deus em Cristo? Quem de nós sente simplesmente a responsabilidade de amar ao próximo como vivido por Jesus?

Deus confiou às mãos de Jesus o que antes fora confiado às mãos humanas, mas, o homem não se atentou a essa responsabilidade. Ou seja, Deus confiou a Jesus o mundo todo, todo o universo, toda a criação.
O homem desistiu de sua condição de senhor da criação ao corromper-se no conhecimento do bem e do mal. Jesus veio e resgatou novamente esse senhorio tornando-se eterno Senhor de todas as coisas. Agora a única maneira de o homem recuperar seu senhorio sobre a criação é sendo co-senhor com Jesus.
Ou seja, o homem pode e deve se assenhorar novamente de todo o cosmos, através do crer em Cristo. Ao crer, através da fé de Cristo, o homem se torna parte de uma nova criação: a dos filhos de Deus.

Assim é possível ao homem compadecer-se da criação e cuidar dela com responsabilidade e atributos disponíveis somente aos que dessa nova criação fazem parte, como manifestou Cristo em seus sinais. O objeto dos sinais foi a criação, e objetivo sempre foi mostrar o amor do Pai pela criação.

Portanto, quem crê no Filho tem a vida eterna, pois a natureza divina é eterna. O que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus por ter condenado a si próprio e toda a criação a uma condição miserável de morte, quando a vontade de Deus é que todos tivessem vida abundante.

By Presbítero Fabrício Canalis

sábado, 19 de julho de 2008

A responsabilidade cósmica do ser humano.


A responsabilidade cósmica do ser humano



"Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." João 3:16 (BVN)

A palavra "mundo" vem do grego "cosmo", que também significa ordem ou universo em sua forma harmônica, ordenada, (daí a palavra derivada cosmético). E seu oposto é "caos" que significa desordem, desarmonia.


O universo se apresenta sempre caótico e cosmético. Numa eterna situação caótica a qual nos oportuna criação, regeneração, expansão, como o Big Bang, por exemplo. Daí entra o cosmo formando e harmonizando o resultado do caos. Colocando beleza e ordem no que foi criado ou regenerado.


Assim penso no texto bíblico acima citado. Deus amou o cosmo de tal maneira que deu seu Filho, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Ou seja, Deus amou o cosmo, a disposição ordenada e harmônica da criação. Não amou o caos, ou o ato a criação, o fato de ter criado, ou o momento da criação. Deus amou a criação pronta, bela, harmoniosa, linda, adornada e ordenada (cosmo/mundo).


Mas por que Deus deu seu Filho para morrer pelo mundo?


Porque é a única forma de trazer cosmo ao caos no mundo depois da queda do homem. Onde toda a criação sentiu a dor da queda. Toda criação, resultado do caos se tornou desordenada, feia, subjugada por um sistema corrompido e corruptor. Onde o caos atua com muito mais força de forma desequilibrada com o cosmo. A velocidade do caos é tanta desde que o homem passou ser portador do conhecimento do bem e do mal, vide a velocidade espantosa das descobertas e invenções do ser humano nos últimos séculos, que o cosmo já não acompanha tal escalada condenando toda a criação (mundo) a um estado de desordem.


Penso que Deus preocupado com tal desequilíbrio, proporcionou ao mundo uma saída. De Deus desce a nova criação. Seu próprio Filho nos ensina e nos dá exemplo de amor ao trazer harmonia a este mundo. Exemplos? As curas, os demônios expulsos, a inversão dos valores mundanos que privilegia o caos, (enquanto poder criativo) em detrimento do cosmo (enquanto criação ordenada, bela e harmoniosa). O homem sendo ser espiritual pelo sacrifício vicário e transformador de Cristo, renascido, é agora capaz de se compadecer, de sentir o sofrimento do mundo e trabalhar de forma a ordenar, harmonizar novamente toda criação.


Depois de tal sacrifício divino, o homem volta a sua condição primeira de mordomo da criação, ou seja, o guardião responsável pelo mundo, pelo usufruto sustentável e digno de toda criação divina. É de responsabilidade humana o cuidado com o mundo. Cabe ao homem combater toda feiúra e desordem e o próprio sistema corrompido trazendo a luz um sistema regido pelo amor. Com as ferramentas fornecidas pelo Ruah (Espírito) de Deus, conforme nos ensinou Cristo a manuseá-las. O homem é o agente cosmético do mundo devendo combater a fome, a inveja, a avareza, injustiça, cobiça, homicídio, pobreza, miséria, doença, morte e toda forma de feiúra e desordem conforme os padrões divinos, com a sensibilidade e as ferramentas dadas por Deus, por intercessão de Cristo, pelo Espírito de Deus.


O homem ainda não entendeu que passa a ser divino ou semelhante ao Divino quando age de forma a corrigir o desequilíbrio entre caos e cosmo. Quando consegue usar seu poder criativo de forma a melhorar a vida na terra, sem desprezar toda e qualquer forma de vida em detrimento de outra.


Deus amou o belo, o harmônico, o cosmo, o mundo todo por Ele criado, a ponto de sacrificar seu próprio Filho, para tornar-nos novamente guardiões do cosmo. Para redimir toda a criação da feiúra em que o homem conhecedor do pecado a destinou. Portanto Deus não amou somente ao ser humano. Deus amou e ama ao mundo, enquanto criação sua. E ao homem foi ordenado cuidar e guardar a criação, usufruindo sim, mas de forma que torne bela ou pelo menos a mantenha bela, em vez de destruí-la de forma egoísta e irresponsável.
Se agíssemos em conformidade com a vontade divina, estaríamos livrando o mundo e a nós mesmos das conseqüências desastrosas que o uso desordenado do mundo (criação), com certeza e impiedosamente nos trará fazendo-nos perecer no próprio ambiente em que vivemos.


Acredito no sacrifício vicário de Cristo por amor não somente ao homem, mas a toda a criação que está sujeita ao sistema corrompido pelo pecado, pelas mãos do homem, e que agride ao próprio ser humano em sua essência quando não dá a devida atenção ao que Deus criou. De forma que ao destruir o mundo criado o ser humano destrói a si próprio, pois não há como não sofrer conseqüências pelos atos irresponsáveis uma vez que o homem é parte intrínseca e inseparável da própria terra. Ou ainda mais, o homem e a terra são um, pois não haveria vida humana na terra, sem a terra.


Ao contrário que muitos pensam, e às vezes até se desencorajam na luta pela ecologia e uso sustentável da natureza, não acredito que a terra será destruída pelo homem. Creio no que se chama de autopoiese, termo grego para regeneração. A terra recebe toda a agressão do homem e ao contrario do que pensamos não nos revida. Apenas se contorce, absorve o impacto e se prepara num esforço supremo para a renovação. Quem nos garante que os movimentos das placas tectonicas e o degelo do artico entre outras manifestações geologicas ou de outra especie, não são indicios de constante e dolorosa renovação da natureza?
Sim, o mundo sem duvida é algo divino.


Criado imperfeito, como o homem, para que juntos caminhassem de encontro ao que é perfeito. Mas caiu junto com o homem toda a criação e caminham juntos hoje para o caotico. E o homem se afasta cada vez mais de sua missão e responsabilidade primeira e mais importante... Ser despenseiro fiel da multiforme graça de Deus revelada na criação do mundo.


E agora me atrevo a escrever: Porque Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu seu filho único para mostrar ao homem seu amor por toda a criação e ensinar–nos a amar esse mundo ao ponto de morrermos sendo fiéis a Deus como senhores deste mundo e vivermos tendo a devida responsabilidade para com o mundo criado. Para que todo o que nEle crê não pereça na própria terra em que dela nasceu, mas tenha vida eterna, como eterna é a força criadora do mundo, a saber; o próprio Deus.

By Presbitero Fabrício Canalis